Crônica

Reino de Thubas e o faraó Dutakhamon

Emilio Campi
Arqueólogos encontraram vestígios de que, no antigo Egito, existiu uma civilização que utilizava métodos singulares na maneira de administrar o povo. Estudos apontam que essa civilização foi o embrião da democracia. Se isto for comprovado, será derrubada a tese de que a democracia nasceu na Grécia. Tudo ainda é objeto de estudos e nada foi comprovado. É lamentável que os registros dessa civilização tenham se perdido ao longo dos anos, mas recentes descobertas revelaram fragmentos de como era escolhido o faraó que reinaria sobre o povo. Às margens do rio Nilo, mais precisamente num povoado conhecido como Thubas, existiu um reino governado pelo faraó Dutakhamon. Ele foi um opressor que impôs altos tributos e escravizou aqueles que não tinham como pagá-los. Acusou de infiéis os que ousaram protestar e exilou todos que não aceitaram suas vontades e pensamentos. Mesmo assim, um dia, o povo de Thubas resolveu propor ao faraó Dutakhamon que lhes fosse dado o direito de escolher o seu próximo faraó. É claro que o faraó Dutakhamon não queria perder o poder sobre o reino e para angariar a simpatia de todos, resolveu aceitar a sugestão. Outros pretendentes ao reino de Thubas se prontificaram para substituir Dutakhamon. Entre eles estavam Paloramsés, Thuzéfren e Morominófis, três nobres senhores que tinham cada qual seu séquito de serviçais e simpatizantes. O sistema utilizado na escolha do novo faraó foi composto de quatro sarcófagos dentro de uma pirâmide, cada um com o nome de um postulante ao reino. Os súditos deveriam entrar, um de cada vez, levando uma pedrinha roliça retirada do leito do Nilo, e depositá-la no sarcófago com o nome de quem desejava que fosse o próximo faraó de Thubas. Era o ideal para a época. Bastaria contar quantas pedrinhas roliças, retiradas do Nilo, cada sarcófago continha, e o que tivesse mais pedrinhas indicaria o nome do novo faraó. Mas tamanha era a sede de poder do faraó Dutakhamon que, com medo de perder seu reino, instruiu cada eunuco, cada guarda, cada adivinho e cada escravo que servia em seu palácio para que entrasse com 5 (cinco) pedrinhas roliças retiradas do Nilo e as depositassem no sarcófago com o seu nome. Os demais súditos, acreditando na seriedade da proposta, levaram, cada um, apenas uma pedrinha roliça retirada do Nilo depositando-as nos sarcófagos dos postulantes de suas preferências. Ainda preocupado com a possibilidade de perder seu reino, o faraó Dutakhamon determinou que cada eunuco, cada guarda, cada adivinho e cada escravo que servia em seu palácio, também, subtraísse 5 (cinco) pedrinhas dos sarcófagos dos demais nobres, e as depositassem no sarcófago com o seu nome. O povo (composto por muitas pessoas), percebendo todas as artimanhas do faraó Dutakhamon, continuou participando de forma correta e honesta, pois sabia que a vontade da grande maioria prevaleceria. Desesperado, ao final do processo de escolha do novo faraó, Dutakhamon lacrou a pirâmide e determinou que seus adivinhos e sua guarda real fizessem a contagem das pedrinhas roliças retiradas do Nilo que cada sarcófago continha. Até agora, os estudos arqueológicos disponíveis não revelaram o que aconteceu com esse reino. Um fragmento encontrado por um soldado de Napoleão (não aquele que encontrou a Pedra de Roseta) revelou que após lacrada para a contagem das pedrinhas roliças retiradas do Nilo, um terremoto abalou a região de Thubas desmoronando toneladas de rochas vindas do outro lado do rio Nilo, sobre todos e tudo, soterrando inclusive o faraó Dutakhamon.

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