Clodovil


Foto: Érica de Jesus Oliveira

Carta aberta ao povo de Ubatuba

Clodovil Hernandes
Povo de Ubatuba, na noite de terça-feira dia 07/10, estive na Câmara Municipal de Ubatuba. Fui para agradecer à cidade minha expressiva votação (até este dia eu nunca havia pisado lá) fazer também algumas colocações e sugestões, que creia ser de interesse de todos. No caminho para lá, proximamente ao edifício da Câmara, fui notando grupos de pessoas a pé que também para estavam indo. Quando efetivamente cheguei ao entorno do prédio da Câmara foi que tive a noção exata da multidão que se aglomerara do lado de fora. Eram varias centenas de pessoas. Homens e mulheres de todas as idades, jovens e crianças. Tive que percorrer um trajeto de aproximadamente 50 metros a pé até a entrada do prédio abrindo caminho por entre a multidão. Dentro do prédio havia gente por todos os lados. Não cabia mais ninguém. O plenário da câmara tinha sido tomado pelo povo literalmente. Com alguma dificuldade consegui chegar à tribuna. Fui cumprimentado e cumprimentei o presidente e os demais membros componentes da mesa. Sentei e esperei que o alvoroço se acalmasse, para então ler o meu pronunciamento no tempo que a presidência me havia concedido gentilmente.
Pois bem não consegui falar o que pretendia e que considero ser importante para o povo da minha querida cidade de Ubatuba. Para quem não estava lá e possa ter uma idéia do que se passou, vou lhes dizer. Durante o trajeto de 50 metros até a entrada, fui por alguns moradores, aplaudido, por outros xingado de, seu isso seu aquilo. Jamais baixaria o nível! Não respondi. Mantive-me firme, ereto seguindo em frente. Dentro do prédio, sofri piores constrangimentos verbais, e com um pouco mais de dificuldade consegui chegar à tribuna. Do lado de fora do prédio colocaram um carro de som (do tipo que foi usado transitando pela cidade na época de campanha), com som no último volume e com caixas de som parte viradas para o plenário da câmara onde ficavam passando trechos de declarações que eu tinha feito há vários meses montadas e distorcidas para darem outra conotação a minha palavra. A impressão que passava era que ainda a cidade estava em campanha eleitoral. Voltemos ao plenário. No plenário por vezes tentei fazer uso da palavra, mas sem sucesso. Nem bem iniciava minha fala e grupos organizados entoavam apupos, berros e outras coisas mais impublicáveis. A coisa foi ficando cada vez pior, até que foi solicitado reforço policial, para dar ordem na casa. Fui de forma desorganizada, ofensiva e tumultuada inquirido por diversas pessoas do público presente, enquanto eu falava. A todos tentei responder de forma tranqüila, eu estava tranqüilo, era visível que não estavam interessados na minha fala, mas, sim, em algo que parecia terem sido orientado para fazer. Que pena! Com passar do tempo e vendo que não teria a mínima condição de falar o que eu pretendia, apenas fiz um pedido aos vereadores que não foram reeleitos. Pedi que eles formassem uma Comissão Popular de Fiscalização de verbas públicas, pedi também que eles façam isso sem remuneração, que apenas façam para Ubatuba conseguir ser melhor. Finalmente, agradeci ao presidente pela oportunidade concedida, e me retirei do local, saindo pelo mesmo trajeto que havia entrado, a pé e pela porta da frente, acompanhado por policiais, mas, sem nenhum temor, por que pelo caminho pessoas aplaudiam minha atitude e minha fala, palavras, acenos de incentivo, carinho por minha atitude.
Quando cheguei a casa repensando tudo que havia ocorrido fiquei profundamente preocupado ao ver a manipulação que este povo anda sofrendo. Aqueles xingos ofensas e palavras de baixo calão ditas para me amedrontrar, nada causaram em mim, apenas um enorme sentimento de lástima, lastima sim, por ver pessoas que para sobreviver aqui, dispõe-se a isso, sujeitam-se a essa situação. Sei e conheço bem o sentimento do povo daqui. Sei que este povo é bom. Em outras situações ando pela cidade e sou calorosamente recebido por todos. Quanta demonstração tem recebido ultimamente pelas ruas. Pergunto. Porque em dias normais nunca fui ofendido? Quantas oportunidades eu dei para que isso tivesse acontecido, uma vez que nunca andei com um segurança se quer quando vou às compras, a um restaurante ou mesmo quando atravesso o calçadão, lugar de maior concentração de pessoas na cidade, caminho sem ofensas, como um cidadão normal. Afinal eu vivo nesta terra abençoada pelo Universo, mas, tão castigada por seus administradores.
Povo de Ubatuba quero que saibam que eu jamais julgarei vocês por aquelas pessoas que estavam lá na Câmara me ofendendo. Eu sei que algumas pessoas de bem foram para me ver, as que gritavam e rechaçavam estas não foram por livre espontânea vontade, foram sim, de alguma forma “convencidas” a irem e praticar o que praticaram, pensando que eu pudesse me ofender ou me intimidar. Muitas pessoas que estavam lá tinham cargos e endereços certos, foram cumprir a ordem de alguém, isto está comprovado em vídeos realizados na data.
Ledo engano, meus amigos, como disse lá na bancado, tenho 72 anos, o que mais posso esperar desta vida senão morrer em paz e com dignidade, tentando fazer o bem para está cidade, se me deixarem, e respeitando a confiança que meus eleitores depositaram em mim.
Saí da Câmara ao contrário do que pretendiam, muito mais fortalecidos, querendo trazer condições melhores para todos vocês, e eu trarei.
Falo do meu passado com respeito por que posso. Como Clodovil, digam o que disser eu sei quem sou e, todo o Brasil sabe.
Como Deputado Federal representando quase 500 mil votos, deveria ser respeitado. Respeito conquista-se dia a dia. Mesmo alguém com um passado não tão limpo, mesmo alguém que precisa amealhar pessoas para poder manter-se, mesmo assim, será difícil chegar aos quase 500 mil votos (que recebi gratuitamente, sem campanha alguma), e será difícil também chegar a ser um Clodovil conhecido e respeitado por todo país.
Pago dois preços neste momento da minha vida, um por ser quem sou uma celebridade famosa em todo Brasil, isso causa inveja sempre aos pequenos, outro por ter sido eleito deputado, isso causa mais inveja.
Não tenho a pretensão de ser querido por todos, pois nem Jesus Cristo o foi, quanto mais eu pobre mortal. Mas sei que a grande maioria do povo daqui tem respeito por mim, mesmo discordando às vezes dos meus pontos de vista.
Foi o que aconteceu terça-feira à noite na Câmara Municipal de Ubatuba, vocês sabem, eu não preciso esconder absolutamente nada de vocês!
Muito obrigado a todos que ligaram, enviaram e-mails, telegramas, após a noite de 07/10 em apoio se solidarizando.

Vocês meus amigos, fiquem em paz! E eles (se conseguirem), também...
Ubatuba, 09 de outubro 2008.
Clodovil Hernandes

Comentários

Anônimo disse…
Foi exatamente isso o que aconteceu naquela noite, na câmara de Ubatuba.

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