Angra 3

AF-Colenco é personagem de polêmica nuclear no Brasil

A empresa suíça é considerada uma das mais especializadas empresas do mundo na área de tecnologia para empreendimentos energéticos e de infra-estrutura que trazem grande impacto ambiental.


AF-Colenco encontra-se involuntariamente envolvida em uma das maiores polêmicas do momento no Brasil: a retomada do programa nuclear.
A AF-Colenco foi contratada em 2007 pelo governo brasileiro para fazer os cálculos dos custos de construção da usina nucelar Angra 3, localizada na cidade de Angra dos Reis, no Litoral Sul do Rio de Janeiro.
De acordo com a análise realizada pela empresa suíça, o custo total do empreendimento ficaria em torno de R$ 7,3 bilhões, mas este valor é contestado publicamente pelos adversários da opção nuclear e por algumas organizações do movimento socioambientalista brasileiro.
Na liderança dessa contestação, o Greenpeace Brasil apresentou um estudo - intitulado "Elefante Branco, Os Verdadeiros Custos da Energia Nuclear" - no qual contesta o empreendimento como um todo e os custos estipulados pela AF-Colenco em particular. De acordo com a organização ambientalista, o custo real da construção de Angra 3 será pelo menos R$ 2,3 bilhões mais elevado do que o estimado pela empresa suíça.
No estudo divulgado, o Greenpeace afirma que "o total de capital necessário para finalizar Angra 3 no prazo previsto é de R$ 9,57 bilhões, incluídos os juros do período de construção". A organização contesta também o prazo de 66 meses estipulado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para a entrada em operação da usina: "O governo faz uma estimativa de 30% de progresso já existente na construção de Angra 3. Ainda assim, os 70% restantes consumiriam em média pelo menos mais oito anos", diz o documento.
Segundo o representante da Campanha Antinuclear do Greenpeace Brasil, Jorge Cordeiro, a organização, que já move três ações na Justiça contra o projeto de retomada da construção de Angra 3, vai dar entrada em uma nova ação, desta vez no Tribunal de Contas da União (TCU), para contestar os custos estipulados para o empreendimento: "A retomada de Angra 3 é inconstitucional, pois o governo deveria ter submetido essa decisão ao Congresso Nacional", diz.


Eletronuclear reage

Empresa estatal subordinada ao MME e responsável pela contratação da AF-Colenco para realizar o levantamento de custos de Angra 3, a Eletronuclear defende o trabalho da empresa suíça. Em nota assinada pelo gerente de Planejamento e Orçamento, Roberto de Andrade Travassos, e pelo assistente da presidência Leonam Guimarães, a empresa contesta o estudo apresentado pelo Greenpeace.
A Eletronuclear acusa a organização ambientalista de "tratar com malícia" os dados sobre a retomada de Angra 3 apresentados pelo governo: "Grande parte das interpretações e extrapolações dos dados técnicos feitas pelo Greenpeace não guarda nenhuma relação com os resultados apresentados pelo grupo de pesquisadores contratados para elaborar o estudo", diz a empresa.
Na nota, Guimarães e Travassos afirmam ainda que, mesmo antes da análise realizada pela AF-Colenco, que foi concluída em dezembro do ano passado, os custos estipulados para Angra 3 "vem sofrendo ao longo dos últimos anos confirmações por diversas entidades independentes".
Entre as empresas citadas estão a espanhola Iberdrola, a francesa Electricité de France (EDF) e a norte-americana EPRI/ORNL, além das brasileiras Coppetec (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Fundação da Universidade de São Paulo (Fusp).

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