Será?

Psicoterapeuta diz ter mapeado a alma feminina

Luiz Cuschnir calcula que atendeu 20 mil mulheres em 35 anos e conseguiu descobrir o que elas querem

Humberto Maia Junior
Comover as mulheres não é algo novo para Luiz Cuschnir, de 58 anos. Psicoterapeuta e coordenador dos grupos de gênero do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, ouviu, em 35 anos de carreira, milhares de histórias. Tantos casos que, hoje, ele diz que mapeou a alma feminina. Ouvir milhares de mulheres teria permitido a ele realizar um trabalho cartográfico. Cada relato, uma cidade. Um problema comum - conciliar maternidade com carreira -, um país. Assim, foi desvendando o mapa.

Por isso, ele não se surpreendeu, na quarta-feira à noite, ao ver as mulheres presentes no primeiro dia do curso A Mulher e Seus Segredos: o Mapa da Alma Feminina se emocionarem com uma encenação criada por ele. A apresentação pretendia mostrar alguns dos papéis e dramas vividos pelas mulheres de hoje. Na sala com pouca luz e música relaxante, duas moças, uma loira e uma morena, se revezam na interpretação desses papéis: a trabalhadora, a vaidosa, a insegura, a sonhadora, a romântica, a invejosa, a competitiva. Cada um toca de forma diferente as espectadoras. Os olhos da jovem bem vestida brilham ao ver a representação da moça que se entusiasma com o casamento da amiga. Uma senhora elegante ri ao se ver representada como chefe do lar.
No fundo da sala, controlando o volume do som, Cuschnir sorri. Fisgara as pessoas, no Universo do Conhecimento - instituto nos Jardins que reúne intelectuais para cursos e palestras. Embora com o mesmo objetivo, cada uma tinha sua motivação. "Tem coisas dentro de mim que não conheço", disse uma advogada. Uma loira, alta, aparentando uns 40 anos, dizia-se "anestesiada" e querendo encontrar seu "lado mulher". Outra quer se achar no "mapa": sente-se incomodada por oscilar entre o masculino e o feminino - entre a vaidade e a raiva. Freud, o pai da psicanálise, morreu sem saber o que as mulheres queriam: se independência financeira ou amor eterno; comer chocolate ou ficar em forma. Os homens sofrem para interpretar aquele ser humano complexo, cheio de contradições e com humor variável.
Mapear a alma da mulher, porém, não significa definir o indefinível. "Alma tem dimensão subjetiva", diz. "A idéia de mapeá-la é para que a mulher possa localizar a sua essência." Questionado sobre o que querem, ele responde aos poucos. "Elas querem conseguir conciliar", diz. "A emoção com a execução; a inteligência com a sensibilidade; a cobrança interna com a externa; a cobrança pessoal com a da sociedade em relação à sua beleza.
"Esse entendimento veio do trabalho. O número de mulheres atendidas, cerca de 20 mil, é uma estimativa feita a partir da média de consultas por mês. A inspiração veio das mulheres da família: a bisavó, a avó, a irmã e a mãe - que Cuschnir reuniu numa só, num quadro.
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Nota do Editor - O que as mulheres querem? Querem ser amadas, cortejadas, paparicadas. A competição da vida moderna gira em torno disso. Nossa avós tinham o destino selado no casamento, espécie de loteria. Se tivessem sorte de encontrar um homem sensível a vida teria sentido, caso contrário o jogo era virar mãe dos filhos e sonhar. Hoje elas correm atrás do prejuízo, competem com os homens, mas a alma feminina é a mesma, elas continuam querendo carinho. Posto isto, homens, sejam gentis, elas entrarão em uníssono e vocês terão companheiras deliciosas. (Sidney Borges)

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