Opinião

Dinheiro para o pré-sal

Editorial do Estadão
Não há mágica nem alquimia possível: para transformar em riqueza o petróleo do pré-sal será preciso juntar a melhor tecnologia e muito dinheiro - centenas de bilhões de dólares, segundo as primeiras estimativas. Enquanto não se puder extraí-lo, aquele petróleo será apenas um recurso natural, uma reserva de imensas possibilidades para o País, e nada mais do que isso. Mas, no momento, o governo quer saber de política e não de explorar as riquezas naturais. Por isso transformou a nova descoberta num tema político, matéria-prima da próxima campanha para a Presidência, antes de saber como será explorado seu potencial econômico.
Para os investidores, o mais importante, agora, é saber como será o desenvolvimento da nova reserva, disse o economista Francisco Gros, ex-presidente do Banco Central, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Petrobrás. Algo fundamental, acrescentou, está sendo esquecido: "como e quem vai financiar". Não seria preciso um currículo como o seu para dar peso a esse comentário. Mas vale a pena mencioná-lo, para realçar o contraste entre o seu julgamento ponderado e realista e o ambiente de exaltação e demagogia criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus companheiros.
Não é difícil saber de onde poderá vir a tecnologia. A Petrobrás é líder, no mundo, na pesquisa e na exploração de petróleo em águas profundas. À sua experiência poderá somar-se a de outras empresas de capacidade técnica reconhecida. Mas de onde virão as centenas de bilhões de dólares necessários ao enorme empreendimento? Os custos serão imensamente maiores que os da produção petrolífera na Arábia Saudita e até na Noruega. Será preciso explorar jazidas situadas a mais de 200 quilômetros da costa e a mais de 6 mil metros abaixo do nível do mar. Serão necessárias dezenas de sondas a um custo unitário entre US$ 700 milhões e US$ 1 bilhão, plataformas avaliadas em cerca de US$ 1,5 bilhão cada uma e um gigantesco sistema de dutos, navios e helicópteros.
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