Opinião

Trava na economia global

Editorial do Estadão
A primeira onda foi a da inflação importada, com os preços do petróleo, dos alimentos e de outras matérias-primas superando as piores previsões no mercado internacional e pondo em risco a estabilidade brasileira. O Brasil enfrentou o choque sem danos muito graves, até o momento, e parece avançar para uma zona de segurança. O País deve aprontar-se, agora, para resistir à segunda onda: as maiores potências capitalistas - Estados Unidos, União Européia e Japão - estão enfraquecidas e muito perto de uma recessão. Na zona do euro, a produção no segundo trimestre foi 0,2% menor que no primeiro. Encolheu pela primeira vez desde o lançamento da moeda comum, na década passada. No Japão, o PIB diminuiu 0,6% no mesmo período. Nos Estados Unidos, aumentou pouco menos de 0,5% - ritmo equivalente a uma taxa anualizada de 1,9%. Esses países, juntos, forneceram cerca de 65% do produto global, em 2006, de acordo com os cálculos convencionais. Pelo critério de paridade do poder de compra (PPP) seu peso foi menor, mas nada desprezível: cerca de 48%, de acordo com os números do Banco Mundial.
O enfraquecimento econômico do mundo rico é conseqüência de vários fatores combinados. A crise iniciada com o estouro da bolha imobiliária dominou as atenções dos economistas durante vários meses, desde julho do ano passado. Bancos de todos os tamanhos, incluídos alguns dos maiores do mundo, tiveram de contabilizar perdas enormes. Alguns só não quebraram porque foram socorridos pelos bancos centrais. Para se ajustar, adotaram critérios mais duros para continuar emprestando dinheiro e o crédito ficou mais escasso e mais caro.
Nos Estados Unidos, famílias endividadas perderam casas. Quem escapou da execução das dívidas também ficou em situação muito difícil. O desastre só não foi mais grave porque dinheiro do Tesouro foi distribuído aos contribuintes para estimular o consumo. Mas o efeito desse remédio foi limitado, porque a alta de preços dos combustíveis e dos alimentos pressionou o orçamento dos consumidores.
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