Opinião

Os riscos das nanotecnologias

Gilberto Dupas
Nanotecnologia é a nova fronteira da era global. Ela permite o domínio de partículas com dimensões extremamente pequenas que exibem propriedades mecânicas, óticas, magnéticas e químicas inéditas; e é aplicável em amplas áreas de pesquisa e produção, como medicina, eletrônica, computação, física, química, biologia e materiais. Sua aplicação causará enormes impactos na sociedade, gerará enormes lucros com produtos e serviços revolucionários e provocará imensos riscos.

Os patronos dessas técnicas garantem, para um futuro próximo, nanorrobôs circulando pelo sangue humano para reparar células, capturar micróbios ou combater cânceres; materiais dez vezes mais resistentes e cem vezes menos pesados que o aço; e armas e aparelhos de vigilância milimétricos e potentíssimos. Anunciam a implantação de nanochips no organismo humano para substituir ou adicionar células com funções novas, abrindo espaço para uma primeira geração de pós-humanos. E seus oráculos mais delirantes prometem a completa regeneração celular; no limite, a imortalidade.
Mas há sérios alertas: risco de poluição ambiental incontrolável por partículas muito pequenas flutuando no ar, viajando a grandes distâncias e sem controle das barreiras naturais; nanocomponentes acumulando-se na cadeia alimentar com conseqüências não conhecidas; nanodispositivos modificando e controlando a mente humana; e reproduções descontroladas de nanopartículas destruindo vidas e gerando epidemias.
Já existem no mercado muitos produtos que contêm nanotecnologia sem que o saibamos, como protetores solares com partículas nano de óxido de titânio. No entanto, não há pesquisas para verificar como esse óxido penetra nas células, se avança para a corrente sanguínea e que efeitos provoca. Ainda não existem protocolos para padronizar pesquisas toxológicas nessa área. Algumas instâncias reguladoras e governamentais tentam apressar-se em definir critérios e mapear riscos, entre outras coisas, para evitar a política de fait accompli ou de rejeição sumária e não eficaz, como no caso dos transgênicos.
Mais uma vez, a lógica do capital e da acumulação tem sido implacável. As empresas estão fascinadas com as novas possibilidades de inovação e lucros em praticamente todos os setores. Começam-se a produzir em massa toneladas de nanomateriais comerciais para catalisadores, cosméticos, tintas, revestimentos, tecidos, corantes sintéticos, embalagens antimicróbio e cosméticos. E eles estão chegando com força total à medicina. A US Nacional Science Foundation estima que, em dez anos, todo o setor de semicondutores e metade do farmacêutico dependerão de nanotecnologia. Estruturaram-se mitos em torno das maravilhas dessas técnicas, criando ambiente favorável para poder lançar o quanto antes produtos que serão convertidos em objeto de desejo. Os riscos e conseqüências negativas, como sempre, ficam para depois.
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