Opinião

Os resultados do Enade

Editorial do Estadão
Os resultados do último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) voltaram a registrar o mau desempenho das instituições particulares de ensino superior. Dos 508 cursos que receberam as notas 1 e 2, as mais baixas numa escala até 5, 444 são de universidades privadas e 64 de instituições públicas. O relatório abrange apenas as áreas de ciências da saúde e de ciências agrárias. Foi a segunda vez que cursos dessas áreas foram avaliados pelo Ministério da Educação (MEC) e duas importantes universidades públicas do País, a USP e a Unicamp, não participaram do teste.
Ao todo, passaram pelo crivo do Enade 3.239 cursos, dos quais 25% obtiveram notas 1 ou 2. A situação é particularmente grave no ensino de medicina, onde foram avaliados 153 cursos. Desse total, apenas 4 obtiveram a nota máxima, convertendo-se assim em "referência na área". Não conseguiram ir além das notas um e dois 27 cursos que não têm "condições de funcionar", segundo o relatório do MEC. Como formam anualmente cerca de 2,6 mil alunos, os 27 cursos reprovados colocam no mercado 1 de cada 4 médicos recém-formados no País.
Dentro de um mês, as escolas responsáveis por esses cursos começarão a ser visitadas por comissões de especialistas constituídas pelo MEC. Serão verificadas se as condições de ensino dos cursos reprovados diferem dos resultados do Enade. Muitas universidades alegam que ficaram mal colocadas no ranking de qualidade porque seus estudantes teriam boicotado a avaliação. Caso o conceito permaneça baixo, após a visita dos especialistas, as instituições terão de assinar um protocolo de intenções com o MEC, comprometendo-se a sanear, dentro de um ano, no máximo, os problemas apontados na fiscalização in loco, sob pena de terem seus cursos fechados.
Além dos tradicionais testes de conhecimento, o MEC introduziu no último Enade outros critérios de avaliação, com base em dados do Censo do Ensino Superior e do questionário socioeconômico preenchido pelos próprios estudantes. Esse é o único ponto polêmico da avaliação. As mudanças sofreram duras críticas das universidades particulares. Elas alegam que não foram ouvidas pelo MEC e que os novos critérios não estão previstos na lei que criou o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior.
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