Opinião

A gestão Gil

Editorial do Estadão
Não se pode dizer que a gestão do compositor e cantor Gilberto Gil no Ministério da Cultura, durante os mais de cinco anos - e três tentativas de saída - em que lá permaneceu, tenha sido muito boa, ou muito ruim, assim como justo não seria atribuir-lhe a pecha de medíocre, algo incompatível, aliás, com a personalidade de um dos mais criativos artistas da música popular brasileira (MPB). É preciso dar à questão o enfoque correto e condicionar a avaliação à expectativa que se poderia ter na atuação de um artista de grande popularidade na condução da política cultural do País. Não se esperava - a começar pelo presidente Lula - que Gilberto Gil viesse a produzir uma política cultural de grande relevância, modificadora ou transformadora - no melhor sentido - da visão que a sociedade brasileira tem da Cultura e das Artes. Mas se esperava que o governo "pegasse carona" no prestígio artístico e popular do compositor-cantor baiano, fazendo-o funcionar como uma espécie de garoto-propaganda artístico do País pelo mundo afora.

Foi para isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o convidou para o Ministério, pouco depois de eleito pela primeira vez, pelo que somos levados a avaliar que a gestão Gil não se saiu mal. O ministro espalhou a descontração e a informalidade típicas dos brasileiros ao cantar, dançar e transformar cerimônias oficiais, em vários países, naqueles divertidos espetáculos improvisados que só o irreverente talento caboclo seria capaz de produzir. Neste aspecto, nem são cabíveis as críticas feitas ao ministro, quanto ao fato de ele preocupar-se mais com seus shows internacionais do que com os compromissos burocráticos de governo, pois Gilberto Gil, no governo, apenas se dedicou a fazer mais o que sabe fazer melhor - e foi assim que deu visibilidade à sua Pasta ministerial, como, certamente, se previa quando de sua nomeação.
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