Internacional

Geórgia reagrupa tropas para defender capital

Por Lourival Sant'Anna, no Estadão On Line:
O confronto militar entre a Rússia e a Geórgia entrou no quarto dia nesta segunda-feira, 11, com bombardeios e disparos de artilharia em vários pontos do território georgiano. O presidente da Geórgia, Mikhail Saashkashvili, fez à noite um pronunciamento dramático à nação, depois de seu governo anunciar que estava reagrupando suas forças em torno de Tbilisi para defender a capital. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chega na terça-feira a Tbilisi, para tentar mediar um acordo.
As forças da Geórgia voltaram a disparar sua artilharia contra Tskhinvali, a capital da província da Ossétia do Sul, que luta pela independência com apoio da Rússia. Os russos, por sua vez, voltaram a bombardear alvos militares georgianos.
O Ministério do Interior da Geórgia afirmou que as tropas russas avançaram 40 quilômetros a partir da Abkházia, outra província separatista, até a cidade de Senaki, em território georgiano.O governo russo negou que suas forças estejam atuando fora dos territórios da Ossétia do Sul e da Abkházia - cuja independência, proclamada no início dos anos 90, não é reconhecida pela comunidade internacional.
Moscou deu um ultimato à Geórgia para que retire mais de 1.500 soldados de Zugdidi, perto da Abkházia, caso contrário eles seriam atacados pelas forças russas. A Geórgia rejeitou a exigência. A Rússia afirmou ter mobilizado na Abkházia mais de 9 mil pára-quedistas, e 350 tanques, veículos blindados e peças de artilharia para evitar uma repetição do que aconteceu na Ossétia do Sul, reocupada pela Geórgia na sexta-feira,8, desencadeando a contra-ofensiva russa.
O governo georgiano afirmou que 50 aviões russos bombardearam a Geórgia na noite de domingo para segunda-feira. Os comandantes militares russos desmentiram essa informação, mas admitiram ter perdido quatro aviões. Eles disseram que 18 soldados russos morreram desde o início dos confrontos, 14 estão desaparecidos e 52, feridos.
O governo georgiano acusou as forças russas de terem ocupado a cidade de Gori, 60 quilômetros a oeste de Tbilisi. O Ministério da Defesa russo negou a informação. Mas tem havido confrontos na cidade, a última posição importante controlada pelos georgianos antes da fronteira com a Ossétia do Sul.
De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, quase 80% dos moradores de Gori fugiram dos bombardeios russos. "Nosso futuro e nossa liberdade estão sendo atacados", disse Saakashvili, no discurso à nação, na noite de segunda-feira. "Estamos em guerra e temos baixas, mas o inimigo tem baixas ainda maiores. Defenderemos nossa liberdade, nossa pátria até a última gota de sangue." O presidente insistiu que não foi ele quem começou o conflito, ao contrário da versão russa.
Confrontos esporádicos entre os separatistas ossétios e soldados georgianos sempre ocorreram na Ossétia do Sul desde que a província declarou sua independência da Geórgia, em 1992. Na noite de quinta para sexta-feira, um ataque a um blindado georgiano que deixou seis militares feridos deflagrou a ofensiva da Geórgia. Cerca de 1.600 civis morreram nos confrontos, segundo a Rússia, que mantém na Ossétia do Sul soldados que participam de uma "força de paz", junto com georgianos e ossétios. A Geórgia acusa a Rússia de apoiar os separatistas ossétios.
Segundo o governo em Tbilisi, pelo menos 130 civis georgianos morreram e 1.165 ficaram feridos.Sarkozy chega nesta terça-feira, 12, a Tbilisi depois que seu ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, esteve reunido ontem com Saakashvili.
Kouchner deve se encontrar na terça com as autoridades russas. A França exerce a presidência de turno da União Européia.
A situação na capital georgiana era calma ontem. Apenas alvos militares foram atacados pelos russos na cidade e imediações, como uma fábrica de aviões perto do aeroporto (que está fechado desde o início do conflito) e uma instalação de radares.

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