Imprensa

A crise do fotojornalismo

Pedro Doria Weblog
O jornalismo de imagens tem um problema: seja em fotos, seja em vídeo, a tecnologia digital permite alterar a aparência da realidade. Cenas de destruição no Líbano foram falsificadas durante o ataque de Israel, mísseis foram adicionados ao recente teste iraniano. Até coisas mais tolas, como a adição de fogos de artifício à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos contribuem para que, lentamente, o público vá ficando mais cético. E com razão. O que ele vê não é necessariamente verdade.
Diretor de Ética da Associação Nacional de Fotojornalistas dos EUA, John Long
fala à Newsweek:

Há um ano, você disse que ‘o público está perdendo sua confiança em nós. Sem confiança, não temos credibilidade, não temos nada, não podemos sobreviver.’ Como você vê a situação hoje?

O público não confia em nós. Não melhorou nada. Nós produzimos essa situação, nos atrapalhamos em nosso profissionalismo. No passado, aprendíamos na profissão que o instante era sacrossanto. Era um momento único, bidimensional, instantâneo. Agora você pode modificar aquele momento. [Os novos fotojornalistas] estão vendo a realidade de uma forma diferente.

Existe alguma maneira e evitarmos a publicação de fotografias falsificadas? O que deveria ter sido feito no caso dos mísseis iranianos?

Quem distribuiu aquela fotografia na agência de notícias deveria ter checado suas fontes melhor. Quando você é o editor de fotografia de um jornal, vê 35.000 fotos todo dia nas agências. Você não tem tempo para pensar ’será que essa é falsa?’ Você precisa confiar em suas fontes. Se vem da Associated Press ou da Reuters, que são serviços de boa reputação, você espera que eles tenham verificado e que se responsabilizem por aquelas imagens. É lá que houve um problema. Eles deviam ter verificado a procedência daquelas fotos.

Como fotógrafos podem reconquistar a confiança do público e convencê-lo de que as imagens são reais e que não foram alteradas?

Esse problema já aconteceu com repórteres. Também é possível mentir com palavras, mas nossa sociedade acredita que um repórter dirá a verdade com tanta precisão e correção quanto lhe seja possível. É assim que se faz com o jornalismo. Acreditávamos na fotografia, mas agora teremos que acreditar no fotógrafo que, como o repórter, tenta apresentar o momento com tanta precisão e correção quanto possível.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu