Ficção nada científica

Vote certo, vote consciente! Como?

Julinho Mendes
Se eleito for vou transformar a educação, vou tirar a saúde da UTI, vou gerar mais campo de trabalho, vou priorizar o turismo, vou resgatar a cultura, blablablá, blablablá, blablablá... Que beleza! Parece até que Deus vai ser prefeito e vereador em Ubatuba. São assim os discursos dos nossos e dos outros candidatos nos horários políticos que começam a ecoar pelas rádios da cidade e na televisão. Toda eleição é a mesma ladainha, o mesmo papinho, a mesma baboseira.
O prefeito que aí está já não falou isso antes? O ex-prefeito que aí está já não falou isso antes do antes? Os novos que aí estão já não ouviram isso antes do antes do antes? Então?
O cúmulo da razão é que todos tem razão. A educação tá uma caca, a saúde doente, o trabalho faltando, o turismo falido, a cultura acabando e os blablablás enchendo o bolso dessa turma toda, e nós aqui com cara de penico assistindo e ouvindo tudo isso de novo. De novo não, de velho!
Será, meu Deus, que não tem um candidato que fale sinceramente para nós? Como por exemplo:
- Se eleito for, vou deixar a educação do mesmo jeito, pois povo ignorante é mais fácil de lidar. Se eleito for, a saúde continuará na UTI porque assim os governos do Estado e Federal mandam sempre dinheiro para nós. Se eleito for, o trabalho será o cabidão da Prefeitura! Se eleito for, turista continua tomando cachaça nos quiosques e mijando no mar! Se eleito for, cultura importo de fora porque dá menos trabalho. Se eleito for, vou apadrinhar ex-vereadores, presidentes de associações de bairros, aconchavar diversos partidos políticos, vou torná-los todos meus cabos eleitorais para me reeleger...
Será meu Deus, que não aparecerá unzinho apenas que tenha essa sinceridade e falar a verdade para nós?
Aaaaaah, pare aí! Lembrei agora. Estou sendo injusto. Hoje, Deus colocou um homem dessa sinceridade em meu caminho, ou melhor, na minha frente, dentro de um fuscão velho, com uma caixa de som em cima, parado na luz vermelha do semáforo da Professor Thomaz Galhardo, ele tocava um jingle mais ou menos assim: “Sou cachaceiro sim, mas não sou ladrão!”.
Ma-ra-vi-lho-so! Pronto! Era o que eu mais queria ouvir de um político: a sua sinceridade.
Estão vendo só como tem gente honesta e sincera nesta cidade? Mas... Ei! Venha cá! Quero te falar baixinho: “Estamos num mato sem cachorro. Ou até pior, sem cachorro, com cobras, ratos, veados e lagartos.”
Vote certo, vote consciente! Como?

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