Angra 3

Eletrouclear faz preparativos finais para iniciar obras de Angra 3

A Eletronuclear está na reta final dos preparativos para iniciar as obras de Angra 3. De posse da licença prévia, o próximo passo da empresa será apresentar o plano básico ambiental para o Ibama e um planejamento de como cada exigência feita pelo instituto será atendida. A expectativa é que isso seja feito até o final de agosto, o que abriria caminho para a concessão da licença de instalação. A licença nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) também é esperada até o fim do mês.
Dessa forma, a Eletronuclear poderia começar em 1º de setembro os preparativos para as obras da usina. Eles incluem a regularização e a impermeabilização do terreno, além da implantação da infra-estrutura do canteiro de obras. O prazo estipulado para realizar estes serviços é de sete meses, o que permitiria o início da construção de Angra 3 em 2 de abril de 2009. A Cnen já deu a autorização para a primeira etapa dos trabalhos preparativos, que envolve a regularização da área dos prédios não-nucleares. Falta autorizar a mesma atividade para os prédios nucleares e a impermeabilização. A empresa ainda aguarda as autorizações do Ibama.
O assistente da Presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, diz que as condicionantes estipuladas pelo Ibama para a licença de instalação de Angra 3 serão atendidas. “Elas exigem muito trabalho e dedicação e são um desafio a ser vencido, mas o cronograma, que prevê a entrada em operação da usina para 2014, será cumprido”, garante.
Guimarães ressalta que a construção de um depósito de rejeitos radioativos de alta atividade também não será um empecilho. Segundo ele, a Cnen, em parceria com a Eletronuclear, apresentará uma proposta e iniciará a execução, com a aprovação do Ibama, de um projeto de depósito intermediário de longa duração para elementos combustíveis usados antes do início da operação da usina. Uma vez cumprida essa tarefa, e com a aprovação do instituto, será dado início ao processo de seleção do município onde ele será construído. A operação está prevista para ser iniciada em 2026. Quando ao depósito nacional de rejeitos de baixa e média atividade, seu processo de licenciamento ambiental deverá ser iniciado até 2014. A previsão é de que entre em operação em 2018.
A Cnen e a Eletronuclear elaboraram em conjunto o conceito do repositório de rejeitos de alta atividade, que vai garantir o isolamento dos resíduos por 500 anos. “Isso daria às gerações futuras o direito de ter acesso ao reprocessamento do combustível usado, aproveitando a enorme energia que ainda existe nele”, explica Guimarães.
Ele ressalta que, ao sair do reator, o combustível gasto ainda contém 40% de sua energia e, portanto, não pode ser considerado rejeito. O reprocessamento desse combustível é feito por países como Reino Unido, França e Japão. “Hoje, para o Brasil, reprocessar não vale à pena nem do ponto de vista econômico, nem de redução do volume de rejeitos. Mas isso pode mudar daqui a 50 ou 100 anos. Não podemos descartar esta possibilidade”, complementa.

Central nuclear de Angra terá depósito-piloto

Antes de executar o projeto final do repositório de rejeitos de alta atividade, Cnen e Eletronuclear construirão uma unidade-piloto para comprovar sua viabilidade técnica, o que será feito dentro da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis. Comprovada sua eficácia, será iniciada a construção do depósito intermediário de longa duração, que terá capacidade para armazenar os elementos combustíveis usados de todas as usinas do Programa Nuclear Brasileiro. Isso inclui Angra 1, 2 e 3, além de quatro a seis reatores previstos até 2030. Como o repositório será modular, ele poderá ser expandido de acordo com a demanda.
Outra questão a ser resolvida é a tarifa de Angra 3. A Eletrobrás coordenou estudo sobre a viabilidade econômica e financeira da usina que já está nas mãos do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A composição tarifária dependerá de três variáveis. A primeira é a taxa interna de retorno do investimento, que poderá ser de 8% ou 10%. É preciso também decidir que incentivos fiscais serão aplicados ao empreendimento dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A terceira decisão a ser tomada é sobre quanto dos custos já realizados com Angra 3 desde 1979 – cerca de R$ 1,6 bilhão no total – serão remunerados pela tarifa. São três possibilidades. Pode-se considerar 100% dos gastos, o que resultaria num preço mais alto da energia. Uma segunda alternativa seria não remunerar os investimentos já realizados pela taxa interna de retorno. A terceira, uma solução intermediária, consideraria apenas 39% do montante, o que corresponde aos valores efetivamente investidos em materiais e serviços, excluindo os custos de paralisação do empreendimento, ou seja, os custos financeiros, com seguro, manutenção da garantia técnica e preservação dos equipamentos. A tarifa de Angra 3 ficará entre R$ 120 e R$ 160 por megawatt-hora (MWh), dependendo da opção escolhida. Mas o mais provável é que seja fixada em torno de R$ 140 por MWh.

ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear
Mais informações: Fábio Aranha (jornalista responsável)

(21) 2536-1751/(21) 2536-1869
aben@aben.com.br - http://www.aben.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu