Opinião

O Ibama contra Angra 3

Editorial do Estadão
Das 60 exigências feitas pelo Ibama para a concessão da licença ambiental prévia para a construção da Usina Nuclear Angra 3, uma é a que verdadeiramente importa - pois pode inviabilizar a obra. Como anunciou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, uma condição imposta pelo Ibama para a expedição da licença ambiental definitiva é a apresentação, pela Eletronuclear, a estatal responsável pelas usinas nucleares, de um projeto de destino final e seguro para os rejeitos nucleares de Angra 3, diferente do método utilizado nas Usinas Angra 1 e 2. No entanto, nem o ministro, nem o Ibama, nem ninguém no mundo sabe com precisão qual é a solução definitiva para os rejeitos das usinas nucleares.
O programa energético prevê a operação de Angra 3 em 2014, desde que as obras comecem em setembro próximo. Mas o Ibama só autorizará o início das obras depois de a Eletronuclear apresentar um projeto adequado para a destinação final dos rejeitos. O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, garantiu que o governo cumprirá as exigências para que o cronograma seja cumprido, mas observou: "O ministro Minc nos disse que estão fazendo exigências brutais, e nós estamos fazendo um esforço bestial para atender a essas exigências, pois o Brasil precisa dessa energia e vamos começar a construção."
Mesmo que a obra comece no prazo, não há garantia de que, quando concluída, a usina terá autorização da área ambiental para começar a produzir energia. O Ibama condiciona o funcionamento da usina à conclusão do depósito para os rejeitos nucleares. No atual estágio de conhecimento técnico e científico do problema, é uma condição praticamente impossível de ser cumprida.
Os projetos mais avançados de destinação final dos resíduos das usinas nucleares em execução ou em elaboração nos países desenvolvidos que utilizam essa fonte de energia muito mais do que o Brasil só se tornarão realidade depois de 2017 - ou seja, após a data prevista para o início da operação de Angra 3 -, a um custo ainda não inteiramente dimensionado e que pode tornar essas soluções proibitivas para a maioria dos países. Em resumo, o Ibama está exigindo da Eletronuclear o que não existe e, se existisse, poderia ter um custo que o tornaria economicamente inviável.
Leia mais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu