Opinião

Pensamento mágico

Eliana Cardoso
Escrevo de Nova York. Faz calor. Barack Obama está na boca do povo. E, se a influência de Richard Thaler sobre o candidato for para valer, a economia comportamental também chega lá.

Richard Thaler, pioneiro da aplicação da psicologia à economia financeira, considera o Homo economicus uma ficção, pois nossas escolhas são, muitas vezes, irracionais. A Universidade de Chicago - templo da economia racional - abriga o professor, pois seria irracional deixar novos insights fora dos modelos tradicionais.
O cerne da economia tradicional é a maximização da utilidade - a explicação do comportamento humano como tentativa deliberada de satisfazer preferências. O comportamento racional expulsa incoerências e impulsos viscerais dos modelos econômicos. Um racionalista radical diria que até o comportamento irracional é racional. Quanto menos custa a irracionalidade tanto maior é a quantidade de irracionalidade que se está disposto a comprar. O custo individual de acreditar em Deus, por exemplo, é zero.
Para entender a crítica do economista comportamental à hipótese de racionalidade considere um conjunto de experiências feitas em laboratório. Numa delas, o árbitro oferece US$ 1 mil a dois indivíduos, desde que eles concordem quanto à parcela que cabe a cada um. No cara ou coroa, o árbitro decide quem fará a proposta. A proposta é única e final. O indivíduo que recebe a oferta pode aceitar a proposta ou recusá-la. Se aceita a proposta, cada um recebe a quantia acordada. Se a recusa, nenhum dos dois recebe coisa alguma. Um indivíduo racional abre o jogo oferecendo uma quantia mínima ao outro jogador, que (sendo racional) a aceita, porque ela é melhor do que nada.
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