Opinião

O perigo da indexação

Editorial do Estadão
É preciso dar atenção às advertências do vice-presidente da República, José Alencar, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o perigo da volta da indexação. "Se adotarmos a indexação, teremos adotado novamente um instrumento que, a pretexto de nos permitir conviver com a inflação, a fortalece. E fortalecer a inflação é um crime que se pratica, especialmente contra quem tem renda fixa e renda baixa", disse Alencar quando no exercício da Presidência - o presidente Lula da Silva estava na Argentina.
Já para Henrique Meirelles, a possibilidade da volta da indexação dos preços é um "risco fundamental" para a economia. A tentação, reconheceu Meirelles, é grande. Ele apontou, como exemplo, o fato de que alguns trabalhadores vêem na indexação uma forma de proteger seu salário, o que é ilusório, porque correções automáticas de preços e salários apenas realimentam a inflação.
A mais recente pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o custo da cesta básica nas 16 principais capitais estaduais mostra aumentos assustadores. Em Natal, por exemplo, o valor dos produtos alimentícios essenciais subiu praticamente 52% entre julho de 2007 e junho último. Em São Paulo, a alta foi de 31%. Como o custo da alimentação tem grande peso no orçamento dos trabalhadores, sobretudo os de renda mais baixa, é provável que líderes sindicalistas tentem forçar que se repasse boa parte dessa alta para os salários, o que resultaria em mais inflação.
A maioria dos acordos fechados no primeiro semestre previu aumento real de salário (correção por um índice superior à inflação passada), mas, pressionadas pela elevação de outros custos e pela concorrência dos produtos importados, as empresas tenderão a endurecer as negociações daqui para a frente. Mas, se a inflação alta persistir, nada impedirá que a indexação plena dos salários seja um item que algumas das maiores categorias profissionais do País levarão à mesa de negociações a partir de agora.
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