Opinião

A inflação das expectativas

Editorial do Estadão
A inflação já é a principal preocupação dos brasileiros, segundo a nova pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas o temor não é só dos brasileiros. O perigo imediato não é mais a recessão global, mas a inflação generalizada, segundo o Banco de Compensações Internacionais, uma espécie de banco central dos bancos centrais, também conhecido pela sigla BIS, em inglês. A grande tarefa dos bancos centrais, neste momento, é conter a alta de preços - o ''perigo claro e iminente'' - e combater a expectativa inflacionária, disse em Basiléia o gerente-geral da instituição, o canadense Malcolm Knight. O ano começou com o mundo assombrado pelo temor de uma freada econômica. Mas a preocupação número um foi substituída em menos de um semestre e o novo relatório do BIS somente reflete essa mudança.
O Banco Central (BC) do Brasil já está empenhado na tarefa recomendada por Malcolm Knight. Seu último Relatório de Inflação, publicado na semana passada, também alerta para o risco da consolidação da expectativa inflacionária. Quanto mais fácil o repasse de aumentos, mais prontamente empresários e consumidores passarão a dar como certa a escalada dos preços.
No Brasil, mais do que na maior parte das grandes economias, é preciso levar em conta o perigo da indexação, um vício ainda não eliminado completamente. Nesse domingo, reportagem publicada no Estado chamou a atenção para esse dado. É essencial evitar a reativação da espiral preços-salários-preços. Os aumentos salariais ainda não superam os ganhos de produtividade na maior parte dos setores, e esse é um dado positivo, mas contribuem, de toda forma, para sustentar uma forte demanda já alimentada intensamente pelo gasto público.
Leia mais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu