Que pena...

Nara Leão

Sidney Borges
Ontem fez um dia especialmente bonito, céu azul e Sol a brilhar, embora a temperatura permanecesse agradável, sem muito calor. Foi um dia movimentado, um vai e vem entre a redação, a oficina de computadores e as lan houses, fui, voltei, fui novamente, voltei outra vez, acredito que tenha gastado mais de um mícron de espessura da sola do docksides, tão velho quando pode ser um docksides. Quando vivia em São Paulo eu tinha mania de comprar sapatos. Tenho muitos, uso sempre os mesmos, apenas dois ou três. Outro dia jantando na casa de um amigo ele olhou o meu relógio e perguntou há quanto tempo eu o tinha. Fiz as contas, entrou em um negócio que envolveu uma asa delta, acho que foi em 1981. Vinte e sete anos, o relógio tem 27 anos. Meu amigo fez cara de espanto. Sou conservador em relação a roupas e objetos pessoais, não em política, gosto de idéias novas e sou chegado a acreditar em utopias. No final da tarde fiz outra coisa que gosto muito, preparei uma trilha sonora para acompanhar a conversa da varanda. Dick Farney, José Feliciano, Madeleine Peyroux, Luiz Bonfá e Nara Leão. No céu ainda claro a Lua exibia sutilmente uma nesga misteriosa de contorno enquanto Nara cantava as penas do tiê, música que tange as cordas de minha sensibilidade e me emociona profundamente. Hoje ao abrir a Internet vi a notícia, Nara Leão morreu no dia 07 de junho de 1989. Coincidência eu ter pensado nela ontem, como também deve ser coincidência um fato que notei. Quando ela canta os passarinhos ficam mudos...

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