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Temas espinhosos. Como tratá-los?

Duda Mendonça
É raro um político que não tenha "algo" na vida que ele detesta sequer ouvir falar...
Uma frase infeliz que deu muita repercussão..., um mal entendido qualquer que foi bem explorado pelo adversário e mal respondido por ele, um boato, uma fofoca, um apelido que grudou... e coisas assim.
E o pior, é que basta começar uma campanha, e tudo começa de novo. Seus adversários não largam do seu pé. Explorando sua vulnerabilidade.
Pois é, tudo isso porque não foi enfrentado de imediato e de forma eficiente, para pôr um fim na história, (quando isso for possível).
Quando falo nisso, lembro de um dos maiores desafios que tive de enfrentar na vida: São Paulo, Campanha de Paulo Maluf, 1992. No meio do programa do PT, foi exibida a célebre frase do Maluf: "Tá bom, tá com vontade sexual, estupra mas não mata". Havia três anos a frase vinha sendo fartamente veiculada pela imprensa de São Paulo. Muitos adversários de Maluf já a haviam repetido dezenas, centenas de vezes, no rádio e na TV. Mas, no fundo, ficava sempre uma dúvida. Será que o Maluf tinha mesmo falado aquilo? Não havia provas. Naquela quarta-feira de outubro de 1992, foi diferente. A frase aparecia, pela primeira vez, na voz do próprio Paulo Maluf. Não havia imagem. Era só a voz. Mas, quando, Paulo Maluf fala, até as pedras sabem que é ele. Dispensa imagens.
Fui chamado às pressas à sua casa. Lá todo o estado - maior de palpiteiros já estava de prontidão. As sugestões eram as mais diversas. Desde negar que aquela voz era dele, o que seria uma verdadeira piada, até não responder nada - passando, naturalmente, por mil e uma desculpas esfarrapadas. Aliás, cuidado com os palpiteiros na sua campanha, eles só confundem e prejudicam. Crie um conselho de confiança, com, no máximo, três ou quatro pessoas para decidir as coisas mais importantes, e pronto.
Quando cheguei, um Paulo Maluf aflito foi logo me perguntando:
- Você acha que isso vai me tirar os votos?
Respondi que temia que sim. Não sabia quantos. Mas já havia feito uma pesquisa rápida por telefone, logo após o programa, e o estrago prometia ser grande. Era preciso ser rápido e eficiente. Pedi então para ele me contar, detalhadamente, como o fato acontecera. E ele me explicou.
Foi em 1989, em Belo Horizonte, durante um seminário sobre a pena de morte na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Ele era contra a pena de morte em todos os crimes, menos um - o estupro seguido de morte, um "crime hediondo", como ele mesmo insistia em repetir. E aí, querendo ser espirituoso, falou a famigerada frase "Tá com vontade sexual? Estupra, mas não mata!". Aliás, Maluf sempre admirou muito as piadas espirituosas do Delfim Netto, só que ele ainda não se convenceu de que não leva jeito para a coisa. A frase, no contexto em que fora dita, era absolutamente o contrário do que insinuavam seus adversários.
No dia seguinte, às oito horas da manhã, eu estava de volta em sua casa com minha equipe de televisão. Já havia combinado com ele de chamar suas duas filhas, suas noras, as três netas e dona Sylvia, sua mulher. Tudo pronto, comecei a gravar o comercial. Ou melhor, a resposta. Começava mostrando o trecho da propaganda do adversário exibido no dia anterior, onde aparecia um rádio com a voz do Maluf dizendo:" O que fazer com um camarada que estuprou uma moça e matou? Tá bom, tá com vontade sexual?, estupra, mas não mata!". Em seguida, com a câmera fechada em seu rosto, Maluf falou....ops! é melhor eu mostrar a resposta ao vivo e a cores, vocês não acham?...
Clique e vejam abaixo.

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