Tibet

Levitação

Sidney Borges
Na adolescência li O despertar dos mágicos, A terceira visão, de Lobsang Rampa e a trilogia de Herman Hesse, Demian, O lobo da estepe e Siddharta. Nessa época circulava a história de um casal em férias no Rio Grande do Sul. Cansados encostaram o fusca para tirar uma pestana. Ao prosseguir viagem as placas da estrada tinham mudado de idioma, estavam em espanhol. Surpresos entraram na cidade do México pensando que fosse Bento Gonçalves. Constava do relato a compra do fusca pela Nasa. Os viajantes eram amigos do primo de um conhecido e a coisa não ficava por aí, logo alguém contava outra história. Algumas tinham grande conteúdo exotérico. Há quem continue na vida adulta buscando o conhecimento total, o santo graal e a pedra filosofal. Para eles – ingênuos - sempre haverá um Gurdjieff pronto a cobrar pelos ensinamentos. Confesso que cheguei a acreditar na existência de discos voadores, seriam os deuses astronautas? Felizmente a razão se apossou de meu espírito. Se valesse a cultura inútil que acumulei no verdor da existência, os problemas do Tibet não existiriam. Bastaria uma legião de monges levitando para fazer chover canivetes abertos sobre a China. Infelizmente para os crédulos, monges não levitam. E também não trabalham, apenas rezam. Mas comem, ninguém se alimenta de orações.

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