Política

O tempo eleitoral!

Do ex-blog do Cesar Maia
1. O processo eleitoral tem seus tempos. E o uso trocado desses tempos ocasiona muito mais perdas que ganhos. As duas escolas de comunicação política -EUA e Europa- respondem a dinâmicas eleitorais também diferentes, especialmente a partir da presidencialização das eleições européias. Nos EUA as primárias que antecipam a campanha eleitoral em um ano, e as eleições parlamentares de dois em dois anos, estimulam a necessidade de se fazer campanha "todos os dias". Na Europa esse processo é dosado e ritmado em direção a campanha propriamente dita, os 60 dias antes das eleições, ou menos.

2. A dinâmica eleitoral brasileira está mais próxima do modelo europeu, com a diferença que a importância das eleições municipais é maior para a constituição do parlamento. De qualquer forma a antecipação eleitoral trazendo o auge da exposição para muito antes da entrada da TV na eleição (45 dias antes das mesmas, aqui) quase sempre produz na percepção do eleitor, uma sensação de declínio, quando essa "overdose" passa.

3. A ansiedade em antecipar esta exposição pública tendo em vista a rigidez das regras eleitorais a partir dos 90 dias anteriores à eleição -ou 5 de julho- tem produzido surpresas negativas para quem tem se açodado. Na cabeça do eleitor é como se algo estivesse sendo feito e de repente, não existisse mais. A caravana Pac-Holiday de Lula, o enche de entusiasmo e leva a seu palanque -compulsoriamente- seus aliados regionais: uns mais, outros menos. Mais no Estado do Rio, por exemplo.

4. Além do erro de uso do tempo, ainda há um agravante. Lula tem feito comícios para inaugurar os editais de licitação ou as pedras fundamentais. Em certos casos pela segunda vez, como em Itaboraí, no Estado do Rio. O lançamento de editais de licitação, exacerba as expectativas e quando se dá imediatamente antes do tempo eleitoral, frustra essas mesmas expectativas pela dinâmica das obras. Entre um edital de licitação e um canteiro de obras armado, se tudo der certo, são 120 dias, seguida de uma curva de obras, horizontal no inicio.

5. E eleitor prudente e desconfiado, ao não ver nada de concreto ocorrer, transforma sua expectativa exacerbada em desconfiança, pelo menos. No mundo de hoje em que por dia, as pessoas recebem de 2 a 4 mil informações e estímulos de todos os tipos, esse processo, se torna mais intenso, pois o impacto sobre a memória dos fatos é desconcertante. Para Lula, que não pode ser candidato, tudo pode ser um jogo de auto-satisfação, mas para seus parceiros de palanque precoce, tende a ser o inverso: alegria, fotos, imagens, hoje... esquecimento, frustração e derrota, amanhã. Seis meses das eleições municipais, com restrições amplas em mais três meses, é um jogo perigo de êxtase hoje e esgotamento depois. Quem tiver paciência colherá os frutos.

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