Opinião

O futuro do programa do álcool

José Goldemberg
O álcool produzido a partir da cana-de-açúcar, no Brasil, do milho, nos Estados Unidos, e da beterraba, na Europa, equivale hoje a menos de 1% da quantidade do petróleo usado no mundo. É um excelente substituto da gasolina, que não tem as impurezas que ela tem, além de não contribuir para as emissões de gases que provocam o aquecimento global e as mudanças climáticas, como todos os combustíveis derivados do petróleo. A produção de álcool é de cerca de 600 mil barris por dia, que é a produção de um campo de petróleo de proporções médias, como há muitos no mundo.

O uso do álcool não deveria, portanto, ser visto como uma ameaça aos grandes produtores de petróleo, mas esta não é a forma como ele tem sido considerado pelas grandes companhias petrolíferas e, particularmente, pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Várias dessas empresas se opuseram e se opõem violentamente aos subsídios que o governo norte-americano dá aos produtores de etanol de milho nos Estados Unidos e tentaram - sem sucesso, contudo - impedir que esses subsídios fossem renovados na nova lei sobre energia adotada naquele país. Se os objetivos dessa lei forem atingidos até 2022, o etanol substituirá cerca de 21% da gasolina usada nos Estados Unidos e boa parte do milho produzido, dependendo de avanços tecnológicos, que ainda são incertos.
Existe uma certa lógica nas preocupações dos produtores de petróleo e a principal delas é a existência de um equilíbrio muito delicado entre a capacidade de produção e o seu consumo. A produção média é de cerca de 85 milhões de barris por dia, que são integralmente consumidos. Pequenas flutuações na produção (para cima ou para baixo) e no consumo (também para cima ou para baixo) determinam o preço do petróleo, que já ultrapassou os US$ 100 por barril. Basta uma tempestade no Golfo do México, um inverno mais rigoroso na Europa ou a crescente motorização dos chineses para elevar o seu preço.
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