Opinião

Em busca de novo consenso mundial

Washington Novaes
Quanto mais passa o tempo, mais se torna evidente: o mundo todo terá de aprender a fazer as contas dos custos ambientais e sociais embutidos em todas as ações de governos, empresas e pessoas - que se estão tornando insuportáveis e ameaçam a estabilidade em todos os lugares. Eles terão de ser evitados, reduzidos e atribuídos a quem os gera, não a toda a sociedade. E será preciso rever conceitos e princípios anacrônicos que ainda regem o mundo.

Informações dos Proceedings of the National Academy of Sciences dos EUA, divulgadas há poucas semanas, reforçam essa convicção. Segundo esse estudo, o dano ecológico provocado pelas nações mais ricas (mudanças do clima, depleção da camada de ozônio, sobrepesca, depredação dos mangues, desflorestamento, expansão agropecuária predatória) tem custado aos países mais pobres, ao longo de 40 anos, mais que sua dívida externa conjunta ao longo desse tempo todo (New Scientist, 26/1). Esse dano é calculado em US$ 47 trilhões, quase tanto quanto o PIB anual de todo o mundo, hoje, e cerca de 30 vezes o PIB anual brasileiro. Os países ricos respondem por nada menos que 55% dos custos ambientais que ocorrem nos mais pobres. Ficam com 85% do pescado capturado nos mares dos países mais pobres; estes geram apenas 1,3% dos gases que afetam a camada de ozônio, mas ficam com 15% dos custos de saúde daí decorrentes - são dois exemplos.
Já há muitos anos a ONU diz que os países industrializados, com menos de 20% da população mundial, detêm quase 80% da renda, da produção e do consumo total. Só que a maior parte dessa produção depende de recursos naturais dos países mais pobres - mas sem compensá-los pelos danos ambientais e sociais com a extração e exportação.
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