Imprensa

O novo e o velho jornalismo

Eric Alterman na última New Yorker
Hoje, quase todos os jornais sérios estão lutando para se adaptar às novas tecnologias e às oportunidades de criação de comunidades oferecidas pela distribuição digital de notícias. Isto inclui blogs de jornalistas, uso de vídeos e chats públicos com os repórteres e editores. Alguns, como o New York Times e o Washington Post, certamente sobreviverão a este momento de transformação tecnológica. Mas vão mudar. Cortarão o número de repórteres e aprofundarão sua presença online. Outros jornais escolherão aumentar o foco no noticiário local. Editores em toda parte estão dizendo que entenderam o recado.
Ainda assim, jornalistas por todo lado ainda estão envolvidos demais com seus status de insiders com acesso ao núcleo do poder. Eles costumam ignorar não apenas a maioria das críticas feitas na blogosfera mas também o fermento democrático meio desorganizado da Internet. Recentemente, o Chicago Tribune decidiu fechar suas caixas de comentários no noticiário político. O ombudsman, Timothy J. McNulty reclamou, e com razão, ‘que os comentários cada vez mais pareciam oriundos de uma comunidade de bestas-feras’. […]
E, assim, estamos para entrar num mundo onde a notícia é fragmentada e caótica. Sua principal característica é que a conversa, a comunidade de leitores, estará mais presente. A reportagem de primeira linha perderá espaço. Jornais eram devotados à reportagem objetiva. Agora, o jornalismo se dará através de comunidades, cada uma dedicada a seu próprio tipo de ‘notícia’ – cada uma com suas próprias ‘verdades’ nas quais baseiam seu debate, sua conversa. Ao perder o jornalismo objetivo, perdemos uma narrativa comum com a qual concordamos, um grupo de ‘fatos’ nos quais nos baseamos para a compreensão política. O noticiário ficará cada vez mais ‘democrata’ ou ‘republicano’.
Não é um fenômeno inédito. Antes de Adolph Ochs assumir o comando do New York Times, em 1896, garantindo que ia conduzir o jornal ’sem medo ou prestação de favores’, os EUA eram dominados por jornais nitidamente partidários. Em muitos países da Europa, a cultura jornalística há muito optou pelo caminho de narrativas concorrentes para comunidades políticas diferentes. Cada jornal reflete uma visão. Talvez não seja coincidência que o engajamento político nestes países seja muito maior do que aquele nos EUA.
(Do Blog de Pedro Dória)

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