Voar é com os pássaros

Um vôo desastrado

Sidney Borges
Não me lembro bem em que ano eu fiz uma navegação pilotando um planador Quero-quero de Tatuí para Itapetininga, tendo meu amigo Maurizio Remmert formando ala em um planador idêntico. Saímos de Tatuí por volta das duas e meia da tarde, a base estava baixa, novecentos metros, mas o sol forte e as térmicas próximas nos davam a esperança de completar a jornada de forma rápida. Depois de quarenta minutos Maurizio me chamou pelo rádio e disse que ia mudar a navegação para Tietê, o tempo estava mudando e já era visível a cobertura de cirrus avançando em nossa direção. Naquele momento eu tinha perto de mil e quinhentos metros de altura e resolvi correr contra o tempo. Desejei boa sorte a Maurízio e estiquei um planeio em direção ao ponto de virada, o cemitério de Itapetininga. Cheguei baixo, com menos de 400 metros. A dificuldade em encontrar uma boa térmica foi fatal, quando consegui subir um pouco (800m) e iniciar a volta, a cobertura já se instalara e o ciclo térmico anunciava que em breve só ficaria no ar quem tivesse motor. Lutando muito consegui chegar à pista de testes da Ford, onde pousei perto das cinco horas. O segurança inicialmente agiu com autoridade, me enquadrou, mas ao ver os documentos do planador e o meu exame médico, achou que eu fosse alguma autoridade, estava escrito Ministério da Aeronáutica. Gentilmente me levou na Pampa da casa até uma guarita onde eu liguei para o Aeroclube solicitando um rebocador. No caminho passamos por um trecho onde são testadas as suspensões, cheio de obstáculos e quebra-molas. Perguntei se ele já havia trafegado ali e uma luz se acendeu, ele adorava a pista de obstáculos e assim que terminei o telefonema foi direto para lá. Tive uma tarde de iogurte, realmente aquela pista era difícil. Mais tarde, já no Aeroclube, quase de noite, vejo o Maurizio pousando calmo e tranqüilo. Escolheu o lado certo. Para os leitores do Ubatuba Víbora informo que me lembrei desse vôo por duas razões. Primeiramente li algumas referências ao Maurizio, que é pai da mulher de Nicolas Sarkozy, Carla Bruni. Depois pelo fato de dirigir na Ressaca. É muito pior do que a pista de testes da Ford, não há como comparar.

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