Opinião

As prévias da discórdia democrata

Editorial do Estadão
As prévias e assembléias eleitorais (caucuses) nos Estados Unidos, com as suas regras muitas vezes obscuras, que podem variar de lugar para lugar e de partido para partido, exprimem a admirável tradição nacional da democracia pela base - grassroots democracy - que tanto fascinava, há 170 anos, o historiador francês Alexis de Tocqueville, autor do clássico A democracia na América. Na sucessão presidencial deste ano, esse intrincado sistema entrou ele próprio na ordem do dia, adicionando um componente perturbador ao que tem sido o maior espetáculo político da Terra, pela singularidade dos presidenciáveis do Partido Democrata e pelo andamento surpreendente do confronto entre eles. A complexidade do processo permite a Barack Obama e a Hillary Clinton interpretar cada qual a seu modo os resultados das 44 votações completadas até aqui (faltam 12), com um total sem precedentes de 26 milhões de sufrágios. Além disso, o resultado ainda incerto das prévias na Flórida e em Michigan, que o partido invalidou porque foram realizadas fora dos prazos estabelecidos, acrescenta uma questão espinhosa ao agora ácido contencioso entre ambos - a que o já definido candidato do Partido Republicano, John McCain, assiste de camarote. Os argumentos que a mulher do ex-presidente Bill Clinton e o primeiro negro com chances reais de disputar a Casa Branca extraem dos números que amealharam refletem visões antagônicas da enovelada lógica do sistema. Nas primárias, como são também chamadas, escolhem-se os delegados estaduais às convenções partidárias que indicarão os aspirantes à presidência dos EUA. Os eleitores votam nos nomes que se identificam com os diferentes presidenciáveis. Para a distribuição das vagas, os democratas adotam uma regra pela qual a margem de vitória nas urnas não dá necessariamente ao vitorioso um total proporcionalmente equivalente de delegados.

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