Internacional

Venezuela deve recorrer ao Brasil para comprar comida

Rodrigo Uchoa
A Venezuela anunciou ontem o fechamento da fronteira com a Colômbia, um de seus mais importantes fornecedores de alimentos, têxteis e veículos, o que deve forçar o governo venezuelano a fazer importações de emergência de outros países, inclusive do Brasil. Uma escalada na crise entre os vizinhos andinos tem o potencial de aumentar a inflação venezuelana, num momento em que o país passa por escassez de alimentos e bens de consumo.
"Não podemos depender de absolutamente nada de um país que adota uma postura de guerra contra todos seus vizinhos", disse o ministro venezuelano de Agricultura, Elias Jaua. Apesar de não citar diretamente novas compras do Brasil, o ministro se referiu ao país diversas vezes como uma espécie de garantidor da segurança alimentar da Venezuela.
Luis Vicente León, diretor do instituto venezuelano Datanálisis, afirma que a situação de desabastecimento pode se agravar de modo "dramático": "A Colômbia é um fornecedor muito importante de produtos como açúcar, leite e trigo, cujo nível de desabastecimento já chega a 50%. Se a crise continuar, a situação pode se tornar dramática". Para ele, importações de emergência teriam então de ser feitas, inclusive do Brasil.
O índice de escassez elaborado pelo Banco Central da Venezuela, que mede a falta de oferta em relação à demanda, ficou em janeiro pouco abaixo dos 20%. Em janeiro do ano passado, o índice estava em 13,4%. Entretanto, analistas independentes dizem que, numa avaliação mais correta do índice, ele poderia chegar a mais do que 30%.
O comércio entre Venezuela e Colômbia chegou a quase US$ 6 bilhões no ano passado. Ele foi majoritariamente favorável aos colombianos, que venderam US$ 4,5 bilhões em alimentos e bens de consumo para a Venezuela.
Numa das primeira medidas anunciadas para combater o desabastecimento, o ministro de Planejamento e Desenvolvimento da Venezuela, Haiman El Troudi, disse que o governo vai facilitar a liberação de dólares para que as empresas possam importar mais produtos. Ele não se referiu diretamente ao fechamento da fronteira com a Colômbia, mas o anúncio foi visto pelo mercado como um modo emergencial de combater a escassez de alimentos e outros bens.
"Não há como esconder. As compras terão de ser feitas de emergência, não importando de onde", disse um economista de um órgão financeiro internacional sediado em Caracas. Ele pediu para não ser identificado.
El Troudi reconheceu que a medida é inflacionária: "Enquanto estivermos importando produtos, seguiremos importando também inflação". Dados oficiais mostram que os preços de alimentos subiram 31,9% de janeiro de 2007 a janeiro de 2008. A inflação total foi de 24%.
Esses dados são vistos pelo mercado financeiro venezuelano como subdimensionados. (Com agências internacionais)
(Valor Online)

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