Editorial

Angra 3. Finalmente o grande dia

Sidney Borges
Não sei precisar o dia, deve ter sido por volta de 15 de fevereiro. Recebi um telefonema da Câmara Municipal a pedido do presidente da casa, vereador Ricardo Cortes. Queriam saber se eu tinha interesse em visitar o complexo nuclear de Angra dos Reis, coisa equivalente a perguntar a um urso:

- Aceita um potinho de mel?
Topei na hora e no dia 27, ao lado de seleto grupo conheci as usinas nucleares tão comentadas, tão temidas, tão desconhecidas. Energia nuclear não é um tema novo para mim, por mais de trinta anos alternei a vida entre jornalismo e magistério e quando professor ensinando Física. Apesar do conhecimento teórico, a visita me impressionou muito e a partir do que vi tomei a resolução de dar o máximo de informações aos meus leitores, a maioria de Ubatuba. Durante um mês publiquei o que saiu na imprensa sobre Angra 3. Coloquei frente a frente defensores e detratores, opiniões baseadas em ciência e algumas não tão embasadas, mas sinceras. Por três vezes, a convite do meu competente amigo Allan, da Maré FM, falei sobre o tema no jornal radiofônico, que vai ao ar diariamente. Hoje acontecerá a audiência, acredito que modestamente este blog contribuiu para dar subsídios aos ubatubenses, pelo menos para questionar. O tema é complexo, foge ao senso comum. O meu posicionamento pessoal sobre o uso de energia nuclear é bastante claro. Sou favorável com certas ressalvas. Na vida nada é de graça. A farta energia produzida pela fissão do átomo pode ser uma solução, mas também pode ser um problema. Os padrões de segurança são bons? Então vamos torná-los melhores. Sempre será mais barato, e mais prudente prevenir. Por outro lado, confio na ciência e no governo, que reputo sério e bem intencionado e tenho como certo que antes do fim da vida útil dos reatores em operação haverá uma solução satisfatória para o lixo nuclear. Mas insisto, os padrões de segurança precisam ser rigorosos. Muito rigorosos.
“ ... são os que conhecem pouco, e não os que conhecem muito, os que afirmam tão positivamente que este ou aquele problema nunca será solucionado pela ciência.”
Charles Darwin, introdução, The descent of man (1871)

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