Angra 3. Sim ou Não?



Angra 3: por um debate livre de ideologias e dogmatismos

Fonte Nuclear

Em meio a uma nova rodada de audiências públicas sobre Angra 3, o Greenpeace divulgou estudo sobre os custos do empreendimento que não resiste a uma análise técnica mais consistente. Apesar de a entidade afirmar que o trabalho foi realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), ele é, na verdade, apenas um cálculo projetado por um professor da universidade, em caráter pessoal, a partir de palestra de um engenheiro da Eletronuclear ministrada no instituto, em dezembro. Os dados foram alterados de forma a aumentar o custo final do projeto e visam somente confundir a opinião pública com sensacionalismo e impedir o desenvolvimento da tecnologia nuclear no país.
Auditorias independentes foram feitas nos últimos anos com diferentes empresas e todas confirmaram o orçamento de R$ 7,2 bilhões para concluir o projeto. A última foi realizada em 2007 pela empresa suíça Colenco, a pedido do Ministério de Minas e Energia (MME). O relatório do Greenpeace considera os juros durante a construção (JDC), que somam cerca de R$ 2,5 bilhões, como investimento, o que não é feito para nenhum empreendimento. Mesmo assim, os JDC são considerados no cálculo da tarifa de equilíbrio da usina, ou seja, não há qualquer tentativa de ocultar sua existência, como quer fazer crer a ONG.
Além disso, todo o custo de construção, operação, manutenção, combustível nuclear, financiamento, seguro e descomissionamento será pago com a energia produzida por Angra 3. Por isso, não serão necessários recursos do Tesouro Nacional. Não existe qualquer tipo de subsídio, como os que foram dados ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que inclui energia eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
A taxa de retorno considerada no estudo da Eletronuclear para Angra 3 é de 10%, sendo perfeitamente compatível com as taxas praticadas em outros projetos públicos de infra-estrutura de grande porte. Quanto à questão dos gastos já realizados com a usina, que somam R$ 1,5 bilhão, estuda-se a possibilidade de considerar na composição da tarifa apenas a parcela relativa a investimentos diretos em materiais e serviços (R$ 600 milhões). O restante (R$ 900 milhões) é fruto de atrasos no projeto, causados por indecisão governamental, e não seria justo repassá-lo ao consumidor.
É importante lembrar que os atrasos na construção de Angra 2 e 3 se deveram à crise econômica da década de 1980 que acabou levando o país à moratória da dívida externa. A crise não afetou apenas o setor nuclear, mas todos os setores de infra-estrutura. Várias hidrelétricas também tiveram suas obras paralisadas, onerando o custo final. Atualmente, o país vive um momento bem diferente, de estabilidade econômica, e esse risco não existe. Além disso, as obras de conclusão de Angra 2 foram iniciadas em 1996 e terminadas em 2000, sem atrasos no cronograma, o que estabelece um antecedente positivo. Não há razões para que a construção de Angra 3 seja diferente.
A comparação da tarifa de Angra 3 com a das usinas térmicas é válida, ao contrário do que afirma o Greenpeace. Apesar de o sistema elétrico brasileiro ser calcado na energia hídrica, ela não será capaz de sustentar sozinha a expansão do parque gerador nacional. Será necessário complementá-la com outras fontes de energia. As principais opções são as usinas nucleares e as térmicas a gás e óleo, que vêm sendo acionadas cada vez mais devido à grande demanda por energia elétrica. A tarifa das térmicas em operação hoje, na prática, ultrapassa os R$ 140 por MWh, devido ao combustível adicional utilizado.
Se a preocupação do Greenpeace é com o custo da energia gerada, então, a energia eólica não pode ser considerada uma solução, visto que sua tarifa é superior a R$ 200 por MWh, bem maior que a de Angra 3. É verdade que as usinas nucleares exigem investimento inicial maior, mas isso é compensado pelo baixo custo de operação, levando em conta que o combustível tem pouca influência no preço da tarifa, e o alto fator de disponibilidade, que pode chegar a 90%, diferentemente da energia eólica, cuja disponibilidade média é de 35%.

Crescimento da demanda exigirá investimento em todas as fontes

O Brasil precisará investir em todas as alternativas de geração disponíveis para sustentar um crescimento próximo de 5% ao ano, como planeja o Governo. O investimento em conservação de energia elétrica é importante, mas não é suficiente. De acordo com o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), será necessário adicionar 53,7 gigawatts (GW) à matriz elétrica até o final deste período, o que fará com que a capacidade do sistema interligado chegue a 156,3 GW.
Durante o período, haverá um crescimento substancial da demanda por energia. De acordo com o PNE, a taxa anual de crescimento do consumo deve alcançar 3,5% até 2030. Não é à toa que o Governo pretende construir não só Angra 3, mas de quatro a oito usinas nucleares de 1 mil MW cada até esta data. Os estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que, já a partir de 2020, o aproveitamento do potencial hídrico brasileiro será cada vez mais difícil, pois resultará em maiores impactos ambientais e custos cada vez mais altos. Por isso, a energia nuclear se tornará ainda mais importante.
Além de competitivas, as usinas nucleares são seguras. Em mais de duas décadas de operação, Angra 1 e 2 não registraram nenhum incidente que resultasse em liberação de radiação para o meio ambiente e a população. A operação das usinas também evita a emissão de mais de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano na atmosfera, o que é uma inegável vantagem ambiental.
O debate sobre os rumos do setor nuclear é de extrema importância para o futuro do país e precisa ser feito de forma responsável. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, além de competência técnica, experiência e tecnologia, o que se traduz em um grande potencial para explorar a energia nuclear. Não podemos deixar de aproveitá-lo por causa de ideologias e dogmatismos que em nada beneficiarão o país. (ABEN)

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