Angra 3. Sim ou Não?

Angra 3 e o 'lixo eletrônico' do Greenpeace

Nilder Costa
Uma vez mais, o Greenpeace lançou uma campanha com um abaixo-assinado endereçado ao presidente Lula e ministros contra o desenvolvimento do programa nuclear brasileiro e, especificamente, contra a construção da usina de Angra 3. [1]
O texto do abaixo-assinado está no portal da ONG e vincula, de forma matreira, o programa nuclear brasileiro à 'ditadura militar'. Como é do seu feitio, o Greenpeace utiliza técnicas de propaganda subliminar enganosa para induzir na mente dos incautos uma associação psicológica de que 'átomo' significa morte, destruição e sujeira. O método foi explicado abertamente por um dos fundadores da ONG e experto em propaganda, Robert Hunter, ao comentar sobre testes com bombas nucleares: "Não é que tenhamos mentido. Isto nunca é feito na propaganda moderna. Mas pintávamos um quadro muito exagerado sobre os múltiplos perigos que seriam deflagrados... tsunamis, terremotos, nuvens radiativas, dizimação da pesca, bebês deformados. Nunca dissemos que isto aconteceria, mas que poderia acontecer." Segundo Hunter, "em lugar de mísseis, nós disparamos imagens: bombas mentais transportadas pela mídia mundial".
Por outro lado, no Brasil, a credibilidade do Greenpeace com abaixo-assinados contra o setor nuclear é próxima de zero. Em 1994, a ONG fez uma campanha igualzinha, prometendo obter 500 mil assinaturas para fechar a usina de Angra 1 e impedir a construção de Angra 2.
Foi um fiasco total. Ao invés de 500 mil, mal conseguiram 30 mil. O pior foi que 90 por cento delas eram de estudantes secundários, principalmente do Rio e de São Paulo. Alertado, o então presidente Itamar Franco recusou-se a receber o 'manifesto'. O Greenpeace tentou ainda fazer uma exposição na Câmara de Deputados com desenhos de crianças contra as usinas, mas os deputados foram avisados da artimanha e os desenhos foram retirados no dia seguinte. [2]
Atualmente, com abaixo-assinados via Internet, nem mesmo as assinaturas podem ser verificadas e o 'manifesto' do Greenpeace pode, no máximo, causar uma justificada irritação dos funcionários responsáveis por eliminar lixo eletrônico. (10/dez/06 (AER))
Notas:[1]DIGA NÃO À ANGRA 3, www.greenpeace.org.br, capturado em 10/12/06
[2]Greenpeace, tropa de choque do Governo Mundial, MSIa, 15/02/00