Turismo

A ver Navios!

Refrão: O turismo é uma indústria “limpa” que está entre as mais que geram empregos de qualidade, oportunidades, renda, impostos, etc.etc. e, etc. Como portadora deste “cabedal de predicados” a atividade deve e precisa ter tratamento adequado. Inserida no mundo moderno, globalizado, informatizado, e, em um mercado cada vez mais disputado não há, nem haverá lugar, muito menos espaço, para amadores, enganadores e curiosos. O que dizer de sua importância quando esta atividade é a única vocação econômica do lugar? Quando o que esta em jogo é o destino de pessoas? De todas as pessoas do lugar? As vezes que vejo ou que tenho notícias de alguns destinos que desperdiçam suas raras oportunidades com o turismo, lembram-me de um amigo que se foi, mas que deixou além de saudades, muitos ensinamentos. Em uma de suas paródias comparava uma cidade que amava a uma moça que, platonicamente, deve ter amado.

Contava o triste destino daquela moça, maravilhosa, que um dia conhecera e, que lhe arrancava suspiros e, também de todos aqueles que tiveram a mesma sorte. Até mesmo as mulheres a admiravam. Linda! Maravilhosa! Sua beleza era natural e incomparável. Traços finos, corpo escultural, pele de seda que transpirava um suave perfume inebriante. Com tudo isso, ela não teve uma chance, ou não lhe deram um melhor destino. Como era uma ingênua, foi induzida, conduzida e, porque não obrigada a prostituir-se. Usada e abusada por muitos, de favor, de graça, para atender alguns interesses, ou interesses de alguns, foi se acabando. Detalhes chamam muito a atenção para a história desta moça. Não fosse obrigada a prostituir-se, tinha ainda que enfrentar (imaginem) alguns atores de sua história que, se apresentando como seus maiores “defensores” e, como conhecedores profundos de todas as suas necessidades (até as mais íntimas) com um falso discurso “do melhor para ela”, e, mesmo assistindo sua agonia, vendo sua beleza esvair-se, discutiam veementemente, não soluções para liberta-la de sua “escravidão de uso” mas, ironicamente, o tamanho do seu decote, o comprimento de sua saia e, a altura dos saltos de seus sapatos. Corvos! A “moça” da história do meu amigo e, de tantos outros é real e ainda vive. O interesse por ela foi diminuindo e, esvaindo-se na proporção das marcas e, da profundidade de suas cicatrizes. Seus contemporâneos, só agora, não se conformam. Para muitos deles a beleza da moça era razão de existir. Tudo teria acontecido tão depressa! O tempo passou tão rápido! Ela, e tudo que representava, esvaiu-se bem a frente dos seus olhos. Fim. Assim, como o destino da moça ingênua, são os destinos de cidades como a nossa. Temos e, só podemos ter uma única vocação econômica. Assim, ou cuidamos e, nos responsabilizamos pelo nosso futuro e, pelo desenvolvimento da nossa cidade (o trabalho é duro) ou, como sempre fizemos, deixamos o nosso destino nas mãos de quem se propõe. Os danos provocados à paisagem e, ao meio ambiente, são irreparáveis. O que nos restará? Neste rumo, não será necessário traçar paralelas ou aguardar datas especiais para saber que ficaremos a “ver navios”. Quem merece um carnaval como este?

Ronaldo Dias

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