Política

Hora do desagravo

Murillo de Aragão
Em agosto de 2003, em um jantar na casa do deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF), em Brasília, o então ministro José Dirceu afirmou que a política econômica de Palocci iria afundar o governo Lula e derrotá-lo em 2006. Dirceu, a exemplo do senador Aloísio Mercadante e do deputado (ex-ministro) Ciro Gomes, atuava incansavelmente para emparedar a dupla Palocci-Meirelles.
O colunista Clovis Rossi também contribuía para desmoralizar a política econômica com críticas agressivas na Folha. A pensadora Marilena Chauí pregava que Lula deveria ganhar uns puxões de orelha. Com idéias mirabolantes, muita gente no governo não se conformava com a política de recuperação da credibilidade após um processo eleitoral desgastante, que abalou fortemente as expectativas econômicas.
Pouco antes do evento na casa de Sigmaringa, o mercado financeiro e os investidores temiam o chamado “Plano B”. Constava que Palocci teria comentado com o presidente que estava pronto para deixar o ministério, caso fosse conveniente para o governo. Lula, que não é bobo, mandou Palocci segurar as pontas. Enfim, o conluio dos setores desmiolados da esquerda visava fazer com que Lula desistisse da prudência e embarcasse em uma aventura de iniciativas passionais. A pressão era grande, mas não conseguiu desviar o presidente de sua decisão.
Anos antes desse episódio, em uma reunião com então candidato Lula no escritório do governo paralelo, uma estrutura criada pelo PT para ser uma espécie de “shadow cabinet”, ouvi opiniões muito centradas sobre política e economia. Ali Lula já demonstrava que iria adotar, caso viesse a ser presidente, uma abordagem responsável para a questão econômica.

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