Opinião

Um massacre que nos envergonha

Sandra Cavalcanti
O novo Código de Trânsito Brasileiro trouxe enormes benefícios à população. A exigência do cinto de segurança, as multas pesadas por avanço de sinal, as punições por invasão de faixas de pedestres, as perdas de pontos por desobediências aparentemente inocentes, tudo isso veio criar no motorista brasileiro uma nova visão de suas responsabilidades. Os novos recursos que a tecnologia pôs à disposição das autoridades contribuíram para que a vigilância fosse feita de forma mais isenta. Não dá para tentar corromper um pardal eletrônico... Mas, acima de tudo, o código é particularmente severo quando se trata de julgar o comportamento de motoristas que dirigem bêbados, drogados ou rebeldes em relação às normas mais corriqueiras.

Infelizmente, mesmo admitindo que ele ainda não atenda a todos os avanços conquistados em outros países, temos de reconhecer que ficou muito melhor do que o anterior. Este tem mais poder de fogo contra os criminosos do volante, tem mais capacidade de atuação sobre as chamadas pequenas infrações e é mais duro nas penalidades.
No entanto, a realidade indica que, mesmo que esse código fosse uma perfeita obra de legislação sobre o assunto, ainda assim ele não conseguiria, como não está conseguindo, influir no comportamento das pessoas.
O motorista só se policia quando movido pelo medo das penalidades ou pelo prejuízo. Seu comportamento melhor não nasce da consciência de que o ser humano deve agir de forma prudente, cordial, solidária, atenta, digna de seres humanos. Aliás, esta consciência parece que não existe em quem anda de patinete, de bicicleta, de moto, de lambreta, de carro, de ônibus, de caminhonete, de van ou de caminhão. A falta dessa consciência não está nos veículos, está nas pessoas. O veículo não importa. Importam as pessoas. Nós e o outro! Aquele outro ser humano que vejo ali, naquele instante, que cruza o meu caminho e cuja vida pode depender do meu modo de pensar nele. Ele é o meu próximo.
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