Editorial

Nepotismo, tema difícil

Hoje conversando com um amigo entrei por acaso no tema nepotismo e confesso, acabei enredado numa armadilha lógica. Em princípio sou contra, está provado que a prática é prejudicial, uma mãe sempre acobertará o filho, é natural, é da vida. Falávamos de arquitetura, eu tenho um sobrinho talentoso que constantemente participa de concursos e pede a minha opinião sobre os projetos que faz. Estou tão distante da produção arquitetônica, não é fácil dar opiniões, elas têm me custado tempo. Meu amigo me perguntou se eu contrataria meu sobrinho caso fosse prefeito. Na hora respondi que sim, depois me dei conta dos problemas decorrentes. A simulação mental é no mínimo incômoda e se parece com a realidade vivida pelo prefeito Eduardo Cesar. Um dia desses perguntei a um amigo próximo ao poder sobre o que o Prefeito iria fazer em relação à determinação da Justiça. Ele me disse que em princípio o Prefeito não aprova o nepotismo, mas há casos de comprovado saber técnico que devem ser levados em conta. É possível que a Prefeitura conteste a determinação da Justiça em casos dessa natureza. Na hora parei para pensar e depois me veio á cabeça uma pergunta: quem vai determinar ou aferir a capacidade dos técnicos? Talvez não haja ninguém com tal competência, daí a lei ser tão drástica. A regra não permite sequer pensar em exceções. Fiquei triste pelo meu sobrinho, se um dia eu for prefeito não vou poder contratá-lo, pensei. Depois me dei conta de estar esquecendo a passagem do tempo. Com o talento que ele tem vai acabar sendo descoberto pelo mercado e será muito difícil que tenha disponibilidade para trabalhar em uma prefeitura tão modesta como a de Ubatuba. Ainda que para agradar o tio...

Sidney Borges

Comentários

Anônimo disse…
Meu argumento é: se o DNA é bom, temos ótimos parentes... mas há cada DNAzinho nesses políticos! E,sempre é só metade da população que elege o mandatário. Metade tem que engolir e há as negociações com a oposição. Agüentar toda a família real é duro,ainda mais que um dos motivos que a Justiça usa é a moralidade e a ética nas relações entre poder público e sociedade. Os próprios políticos e parentes sabem que são anti-éticos e imorais, se continuarem com a prática. O que eles estão tentando é se encher de argumentos que os justifiquem. É como o Lula, querendo mudar a lei das teles, fingindo que é para o bem, mas o grande beneficiário é seu filho. Assim, tem gente no poder que é totalmente incompetente e temos tido experiência disso. E o nepotismo cruzado tem causado danos imensos ao Litoral Norte.
Anônimo disse…
Toda regra há exceção. Já li em algum informativo dos Tribunais Superiores, que existem cargos técnicos estratégicos, de serviços essenciais e continuado, devidamente justificado e comprovado a bem do serviço público, que foge à regra do "nepotismo". Até porque o suposto "apadrinhado ou indicado" comprovadamente demonstrar "know how" ou capacidade técnica relevante, presta serviços à instituição pública e não ao seu "padrinho". Realmente, tema de alta complexidade...para saber se é o orgão público que precisa mais dele (a) ou vice-versa?!

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu