COMAD

Conselho Municipal Antidrogas de Ubatuba
UBATUBA 2008

Resultado parcial

Desde o dia 25 de agosto de 2006, o Conselho Municipal Antidrogas de Ubatuba, o COMAD-Ubatuba está funcionando regularmente, sendo até o momento todas as nossas atividades voltadas quase que exclusivamente à organização interna e o estabelecimento das diretrizes de ação dentro da Política Municipal Sobre Drogas, atualmente em fase final de redação.

Para que todos conheçam um pouco esse novo Conselho, de modo geral, tomando por pressuposto o funcionamento ideal, ele se subdivide em três Grupos de Trabalho Permanente, ligados às ações de Prevenção, Redução de Danos à Saúde (tratamento e reinserção social) e Redução da Oferta (repressão ao tráfico de drogas e fiscalização). Além desses grupos que contemplam ações contínuas, estão previstos Grupos de Trabalho Temporário, de caráter eventual, montados na medida em que determinadas ações pontuais se fazem necessárias, muitas vezes inclusive para subsidiar as ações dos Grupos Permanentes.

Atualmente, uma das ações temporárias que estamos desenvolvendo consiste em um levantamento sobre a situação do município de Ubatuba no que diz respeito ao uso de drogas lícitas - álcool e tabaco - e as ilícitas - maconha, crack e cocaína. Somente a partir desse diagnóstico é que as ações dos três Grupos de Trabalho Permanente poderão ser concebidas e estruturadas.

Para termos uma idéia, ainda que aproximada, dos padrões de consumo de drogas na população de Ubatuba, esse levantamento deverá ser realizado de modo a contemplar a maior diversidade de público possível. Sendo assim os dados serão coletados nas escolas, na Santa Casa de Misericórdia através do registro das entradas, na Delegacia de Polícia através das ocorrências, bem como com população geral. Vale ressaltar que este é um trabalho inicial e, de certa forma, superficial tendo em vista que obedece a uma metodologia simplória, mas possível nesse momento. Na medida em que o próprio Conselho for amadurecendo em suas ações, a credibilidade e a possibilidade de obtermos verbas consistentes permitirão a realização de um diagnóstico aprofundado mediante a utilização de metodologias mais complexas.

Nessas circunstâncias, objetivando o levantamento dos dados relativos à população geral, firmamos no ano passado uma parceria com o Programa Saúde da Família pela qual seus agentes gentilmente foram disponibilizados para a aplicação de um questionário sobre drogas nos diversos bairros atendidos pelo PSF.

O resultado desse levantamento, ainda que parcial, é alarmante. Foram entrevistadas 147 pessoas no total. Desse total, 76,8% são do sexo masculino, 85% acima de 20 anos e somente 47,6% trabalham. Com relação ao uso de álcool, 69,3% usam, 27% não usam e 3,4% não responderam. Quanto ao tabaco, 76,8% são fumantes contra 23,2% não fumantes. Em relação às drogas ilícitas, 23,8% dos entrevistados declararam-se usuários, 62,5 % não usuários e 13,6% não responderam. Dos entrevistados que se declararam usuários de drogas, 54,2% declaram fazer uso de maconha, 2,7% declaram usar maconha e cocaína, 2,0% usam maconha e crack e 2,8% são usuários de maconha, crack e cocaína.

Embora seja apenas parcial, os dados acima seguem a tendência brasileira e mundial nas quais podemos observar um número bastante elevado de usuários das drogas lícitas, álcool e tabaco. Vale lembrar que, embora tendo consumo legalizado, causam danos à saúde do usuário, danos graves à sociedade e custos significativos para os serviços públicos de saúde. Campanhas de esclarecimento e conscientização acerca dos malefícios provocados por ambas as drogas serão sempre bem vindas. No caso do tabaco, além dos esclarecimentos sempre necessários, podemos tentar implementar programas de tratamento visando o rompimento do hábito do tabagismo. No caso do álcool, as políticas públicas atuais estão direcionadas no sentido de promover o chamado uso responsável (para maiores de 18 anos, evidentemente), pois são concebidas tendo como pressuposto uma visão realista e possível.

Com relação aos dados referentes às drogas ilícitas os números são altíssimos. No caso da maconha, o número expressivo de uso declarado pode ser indício da permanência do tabu e equívoco segundo o qual a maconha não é considerada droga por ser uma substância “natural”. Cabe ressaltar que a maconha está longe de ser uma droga natural há tempos. Estudos recentes apontam uma quantidade enorme de substâncias químicas agregadas ao fumo produzido com a planta cannabis sativa. Conceber a maconha como uma droga natural também conduz à idéia de que é inofensiva ao organismo, outro equívoco. Nesse caso também são fundamentais ações de esclarecimento e conscientização da população.

Projetos e programas interessantes, ações pontuais ou permanentes, são inúmeras as estratégias de atuação nessa área e exemplos bem sucedidos no Brasil e no mundo não faltam. No nosso município, estamos caminhando para ampliar tanto a ação deste COMAD, quanto à adesão e envolvimento do maior número possível de pessoas e entidades compromissadas com uma sociedade livre dos danos causados pelo uso abusivo de drogas.

Luciana Nunes
Presidente do COMAD

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