Brasil

A caixa preta do cartão corporativo

José Negreiros no Blog do Noblat
A oposição, o TCU, a CGU e a CPI (que vai acabar resultando desse pântano dos cartões de crédito corporativos) podiam aproveitar a oportunidade e descobrir por que a Visa, via Banco do Brasil, opera sozinha nessa área. Vão acabar concluindo que é mais escandaloso do que a farra de Matilde.
Em 2006, outra empresa tentou vender aqui o sistema deles de cartão de crédito corporativo. Por pressão do BB levou um “não”. Nunca se esclareceu como a Visa ganhou de presente esse mercado sem licitação, nem sequer consulta à concorrência.
Há quem diga que foi por excesso de qualidade do produto concorrente. O outro software era mais detalhado, mais burocrático (no bom sentido), mais exigente, criterioso enfim. Por exemplo: não teria deixado Matilde pagar free shop, porque isso é obviamente um absurdo. O programa deveria fazer com que o cartão travasse a maquininha da loja.
Por que uma empresa de economia mista como Banco do Brasil pode morder sozinha um mercado tão expressivo quanto esse? Por que um sistema feito para dar maior transparência e controlar o gasto público se transformou no contrário?
Conta-se que o BB foi escolhido sem licitação porque é governo, tem integração com o SIAF e permite o saque a descoberto. Mas se não impede uma matildagem é pouco.
Apesar de o presidente Lula adorar uma pergunta sem resposta e a arenga marqueteira, nunca neste país uma explicação foi tão necessária. Em 2004, houve as primeiras denúncias de irregularidades, o senador Arthur Virgílio pediu explicações ao governo Zé Dirceu e nada aconteceu, como de hábito.
Agora que o presidente é Lula, é hora não apenas de mudar as regras para impedir o pagamento de chope com corporativo. É preciso achar os autores desse mesadão e cobrar o reembolso dos cofres públicos.
José Negreiros é jornalista

josenegreiros@terra.com.br

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