Viagens interplanetárias

Mundo da Lua

A chegada do homem à Lua foi precedida de grande expectativa. As primeiras fotos da Terra tiradas do espaço, que a mostravam azul, tinham sido divulgadas há pouco. Causaram um impacto inenarrável, durante anos guardei a revista Manchete, infelizmente a relíquia foi vitimada por mudanças, traças e cupins. As grandes descobertas da vida marcam o nosso emocional para sempre, ou seja, o que nos resta de vida, já que estamos irremediavelmente condenados e o senhor do tempo é imprevisível. A noite do dia em que o homem pisou na Lua pela primeira vez tinha um belo luar, eu estava em Ilhabela olhando exatamente a Lua e ouvindo a narração no Transglobe. Confesso que o rádio atrapalhou a emoção que eu imaginei que sentiria naquele momento e que acabei não sentindo, acho que foi culpa da fome, nunca me emociono quando estou faminto. Apesar de enxergar bem não consegui ver os astronautas. Naquela noite no Max, em meio a pizzas e guaranás, não havia outro assunto. A Lua, foi alcançada afinal, cantou o então futuro ministro Gilberto Gil.
Os homens são volúveis, quando digo isto incluo as mulheres, homens aí é no sentido de humanidade, que "La donna è mobile" já sabia Verdi quando compôs a ópera Rigoletto, em 1851.
A segunda ida à Lua não produziu tanto impacto, embora ainda causasse espanto. A terceira passou no Jornal Nacional com destaque, a quarta apareceu em nota nos jornais e o tintureiro disse enquanto me entregava o terno:
- Não tem que fazê, né? Todo dia vai na Lua e o trânsito tá cada vez pior.
Concordei com um aceno de cabeça. Quem sou eu para contestar a sabedoria popular?
Os homens são volúveis...

Sidney Borges

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