Imprensa

A entrevista de José Dirceu à revista Piauí
Muita conversa, pouca notícia

A badalada entrevista de José Dirceu à revista “Piauí” começa num jantar, onde o entrevistado dá uma rápida olhada no bufê de saladas e recusa a garrafa de vinho oferecida pelo garçom, velho conhecido, como parte do esforço para perder a barriga. E termina num churrasco onde ele, depois de algumas carnes e outra vez saladas, abre uma garrafa final de vinho sobremesa para acompanhar as musses de maracujá e mamão. Aparentemente, a ofensiva contra a barriga estava posta de lado, mesmo porque, ao longo das caudalosas 1.526 linhas da reportagem, são descritas, com mais ou menos detalhes, onze refeições, entre almoços, jantares e cafés da manhã, saboreados numa longuíssima viagem de seis dias, por três países e dois continentes.
Ainda no campo das estatísticas surpreendentes, Lula é citado treze vezes, quase sempre como personagem de algum acontecimento – menos no caso do Lulinha, em que Dirceu afirma ter interpelado diretamente o presidente. O PT, pior ainda, merece dez citações, duas das quais na devastadora afirmação de que a sede do partido no Rio Grande do Sul foi construída com dinheiro do caixa 2. Sobram linhas, portanto, para acompanharmos o atilado consultor em sua visita à afamada loja El Corte Inglês, em Madri, onde comprou camisa, calça, cueca e meias para um pernoite inesperado, provocado pela perda de uma conexão para El Salvador e a falta de disposição para enfrentar quatro horas de espera para recuperar sua mala. Ou, antes disso, seus ingentes esforços para alugar um avião que o levasse ao Panamá, depois a ligação para a secretária, em São Paulo, pedindo a compra imediata de uma passagem que lhe permitisse continuar a viagem – providência também frustrada pela informação de que custaria 3.600 euros.

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