Ditadura

O assassinato de Jango na memória

Bruno Lima Rocha no Blog do Noblat
Uma história mal acabada ciclicamente sofre abalos. Um fato novo ou uma abordagem do assunto põe sobre a mesa as mazelas de um país sem memória, verdade e justiça. O pavio da Operação Condor foi novamente aceso a partir de uma repetição daquilo que já se sabia. Desta vez o mote foi o assassinato do ex-presidente João Goulart (Jango), ocorrido em 6 de dezembro de 1976, em uma de suas estâncias, localizada na cidade de Mercedes, província de Corrientes, região do litoral argentino. A forma de difusão foi um fato jornalístico com o potencial de se tornar um julgamento político. O tema ganhou mídia nacional no domingo 27 de janeiro, quando a Folha de São Paulo publicou a entrevista feita pela repórter da Agência Folha em Porto Alegre, Simone Iglesias, com o uruguaio Mario Ronald Barreiro Neira. Barreiro é ex-membro do grupo fascista Juventud Uruguaya de Pie (JUP), da falange paramilitar Garra 33, foi agente da ditadura e incorporado a polícia da Banda Oriental. Pertencia a um grupo de tareas, Gamma, encarregado da repressão política e utilizado na coordenação repressiva do Cone Sul. Em tese seu depoimento é válido.
Como muitos de seus colegas nos porões latino-americanos, Barreiro devotou-se a praticar como civil os conhecimentos que aprendera como homem de serviços. Eis o motivo de a entrevista haver sido realizada na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC), localizada na Região Carbonífera, próxima de Porto Alegre. O ex-agente de inteligência deixara a polícia uruguaia, viveu alguns anos na fronteira seca entre a Banda Oriental e o Rio Grande mudando-se depois para Gravataí, na Grande Porto Alegre. Está preso por crimes comuns desde 1999.
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