Brasil

A distribuição do pão

A reunião ministerial de anteontem, a 16ª da era Lula, ficará na memória da opinião pública por mais de um motivo, além da alusão sem pé nem cabeça do presidente à Santa Ceia. Textualmente: "Muitas vezes nós ficamos cinco anos juntos, sentamos a esta mesa aqui e parece a Santa Ceia: todo mundo amigo (nem todo mundo, como se sabe). Mas depois passamos um ano sem conversar entre nós." Em primeiro lugar, serviu de pano de fundo para um retrato irretocável do que é este governo - traçado involuntariamente pelo próprio Lula a certa altura do evento que se arrastou por cinco horas e meia, incluída a pausa para a distribuição de sanduíches de presunto (um alimento inconcebível na refeição com que Jesus e os seus 12 apóstolos celebravam o Pessach, a páscoa judaica). Insistindo na crítica à sintomática falta de entrosamento entre os seus 37 ministros e secretários com status ministerial - o que motivou a disparatada analogia com a célebre passagem bíblica -, Lula os repreendeu porque "há quase meses e meses (sic) que vocês não trocam idéia", para arrematar: "Muitos aqui não sabem 20% do que o governo já realizou." Assim é pela simples razão, decerto inadmissível para o presidente, mas nem por isso menos verdadeira, de que a maioria deles não realizou coisa alguma, até porque nesse enxundioso, abagunçado Gabinete alguns não têm mesmo nada que fazer, portanto, nenhuma idéia para trocar. (É de se perguntar, a propósito, se Lula seria capaz de dizer, de bate-pronto, os nomes de todos os membros dessa sua superpovoada equipe. Mas passemos.)
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