Brasil

A aceitação do inaceitável

Luiz Weis
Um pouco mais, um pouco menos, talvez em 2008, com certeza em 2009, o Brasil chegará ao primeiro milhão de homicídios a contar de 1979, quando o Ministério da Saúde, com base nas informações padronizadas das declarações de óbito emitidas no País, começou a somar as vítimas de crimes de morte. A notícia saiu domingo no Estado.A reportagem Em 3 décadas, 1 milhão de homicídios mostra as variações da matança ano a ano, ouve um dos autores da recém-lançada coletânea Homicídios no Brasil, o economista Daniel Cerqueira, do Ipea, relata a sina da pernambucana Inês Maria da Silva, que já enterrou os cinco filhos, todos assassinados, e registra o comentário do pesquisador para o Brasil da organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, Tim Cahill: "Um milhão de mortes em 30 anos é simplesmente inaceitável."

Inaceitável? Só se for como sinônimo de um repúdio que a inércia torna irrelevante. A insegurança se transformou na primeira preocupação dos brasileiros, o combate à violência consome recursos cada vez maiores, a questão da criminalidade atrai um número também crescente de estudiosos e propostas, a segunda metade desta década leva jeito de deixar menos assassinados que a primeira - mas, ainda assim, a conta moral não fecha.
Temos medo de ser roubados, agredidos, seqüestrados. Esse é um dos assuntos mais comuns das nossas conversas, e desses perigos tratamos de nos proteger, cada qual como possa. Mas a pior das barbáries do cotidiano, aquela que tira a vida, não nos tira do sério.
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