Opinião

“Lembranças petrolíferas”

Corsino Aliste Mezquita
É bom ter memória. A minha já foi melhor. Felizmente atende às necessidades.
Transcorria o ano de 1977. Governo Ernesto Geisel. Abertura de monopólios para a prospecção de petróleo em águas profundas. De repente, um determinado dia, a Praia Grande, aparece coberta de petróleo. Ninguém sabia sua procedência. A Prefeitura de Ubatuba teve que importar dezenas de caminhões de palha de arroz para enxugar o betume preto e limpar a praia. O produto resultante, da mistura de palha de arroz, areia e petróleo, depositado e enterrado, na Praça Roque Graciliano dos Santos. Aqui, frente a minha residência. Acompanhei o processo de perto.
VERSÂO OFICIAL: “Navio liberiano (sempre eles) teve um acidente e derramou óleo que a maré carregou para a praia”. Ninguém comunicou o nome do navio. Não houve notícia de multas pelo crime ecológico. Não existindo navio não podia ser multado.
VERSÃO PARALELA: “O navio liberiano não existe. Estavam fazendo prospecção e foram surpreendidos por enorme vazamento que já conseguiram estancar. Não se pode falar mais no assunto. Se vivermos mais trinta, quarenta, cinqüenta anos, é possível que conheçamos a verdade”. Já se passaram trinta anos. Será a verdade aparecendo?
O Dr. Paulo Salim Maluf, anos depois criou a PAULIPETRO e divulgou que, na BACIA DE SANTOS, existia um lençol petrolífero e de gás natural de grandes proporções. A PAULIPETRO foi levada a falência. Ninguém responsabilizado pelos R$ 540 milhões de dólares gastos na empreitada. Sabia o Dr. Maluf verdades que não podiam ser reveladas, naquele momento, porque prejudicariam o monopólio da PETROBRÁS?.
Agora vivemos crise de abastecimento de gás. A PETROBRÁS e o Governo do PT induziram, aconselharam, solicitaram de empresários e donos de veículos a usarem o gás. O fizeram como tudo está acontecendo no desgoverno do Sr. Lula da Silva, sem planejamento, sem medir conseqüências. Agora não tem gás para oferecer. Recurso possível, apelar para o ufanismo e a falta de memória do povo brasileiro e anunciar, bombasticamente, algo já sabido há trinta anos e não suficientemente estudado.
O técnico destacado para a entrevista, na GLOBO NEWS, sucumbiu à pergunta da jornalista: “É rentável explorar petróleo a 5000 ou 8000 metros de profundidade?. Gaguejou. Não deu resposta. As ações da PETROBRÁS, hoje, se mantiveram estáveis.
Nós, crédulos, ufanistas e desmemoriados, merecemos.

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