Editorial

O Jornal

Acabo de voltar da cidade. Um assunto está presente em todas as rodas. O novo jornal que circula na cidade, distribuído ontem por funcionários da prefeitura. O jornal dos feitos do Prefeito. Papel couchê de primeira qualidade, formato tablóide, fotos em quadricromia. Páginas e mais páginas de ostentação, mostrando ao Brasil e por que não dizer, ao mundo, as maravilhas da melhor administração que o planeta já viu em uma prefeitura. Como diria aquele cronista social do programa da madrugada: um luxo. Qual a finalidade da extravagância? Para mostrar o andamento das obras e as realizações do governo nas áreas de Educação e Saúde bastaria um tablóide em papel jornal, ou quando muito sulfite, mais barato e mais adequado ao panorama social da cidade. Que não estamos em momento de exibição de riqueza é tão óbvio que ninguém ousaria discordar. Se a intenção foi fazer propaganda política antecipada, será assunto da Justiça, a bola foi levantada, a oposição vai cortar, certo como a morte e os impostos. O bloqueio da defesa vai sair caro, quiçá mais caro do que o que motivou a necessidade da defesa, ou seja, o jornal. No expediente assinado pelo competente Ednelson Prado está escrito que o jornal-folheto foi custeado por particulares. Quem foi o cára-pálida da mala preta? Com que interesse desembolsou o ervário? Quanto custou? Enfim, cada cabeça uma sentença, dizia Robespiérre enquanto a guilhotina comia solta nos cadafalsos de Paris. Passat. Alguém se lembra do Passat? Na vida tudo Passat.

Sidney Borges

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