Opinião

Renan está nu

José Negreiros no Blog do Noblat
Em 1947, o deputado Barreto Pinto, do PTB, foi cassado por falta de decoro. Uma foto dele, só de casaca e cueca samba-canção, foi publicada pela revista O Cruzeiro.
Tempos ingênuos, aqueles. O deputado era um bobalhão. Acreditou no fotógrafo que prometeu fazer a foto da cintura para cima. Apesar das reclamações de que, se fosse da UND, Barreto teria escapado, a rapidez com a qual ele foi punido sugere que há 60 anos a quebra de decoro era falta grave.
Hoje, para onde quer que se olhe há fotos, vídeos, transmissões ao vivo do senador Renan Calheiros sem roupa. E nada acontece.
Ele está despido no programa Casseta & Planeta, onde aparece toda terça-feira como personagem de humorístico de TV agarrado à cadeira da presidência do Senado, um lugar que virou alvo da galhofa nacional, para o qual não se pode olhar sem cair na gargalhada. Em pelo é como está o senador Renan nesse filme pornô dirigido por outro comediante de chanchada cujo nome é um insulto a si próprio: escórcio.
Na operação de expulsão dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da Comissão de Constituição e Justiça, Renan está sem as vestes, escondido, por tanto, atrás da bancada de onde falam os parlamentares.
Completamente nu Renan se apresenta na capa e em várias páginas da revista Playboy que acabou de chegar às bancas. Um lençol, o espaldar de uma cadeira, uma posição mais discreta acabam encobrindo parte do seu corpo. Mas Renan está ali, sem nada por baixo.
O ano mal começava quando o presidente do Senado resolveu despir-se em cada ato público que pratica. Seja a presidência dos trabalhos, um discurso em defesa própria, uma ordem para investigar a prestação de contas de colegas que usariam recursos públicos para pagar notas frias, como se aquilo fosse uma Câmara de Vereadores da Baixada Fluminense.
Não são necessárias provas mais contundentes para tão evidente quebra de decoro. Renan, a exemplo do rei, está nu e ninguém o avisou, ninguém se compadece de seu strip-tease, porque só ele pode descer da mesa da presidência, cobrir-se e ir ocultar a sua vergonha bem longe.
José Negreiros é jornalista

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