Editorial

Ubatuba é um paraíso? Em termos...

Depois de viver em São Paulo, mudei-me para Ubatuba em 2001. Desde que chegamos minha mulher e eu não nos cansamos de admirar os pássaros, as flores, a exuberância da natureza e logicamente as praias, das mais belas do mundo. Moramos na Ressaca, bairro-santuário quase intocado de Mata Atlântica. Eu deveria me considerar um privilegiado, no entanto não me sinto assim, muito pelo contrário. Estou escrevendo na madrugada para reafirmar o ditado que diz que nem tudo o que reluz é ouro. Eu preferia estar dormindo, não é possível, o cachorro do vizinho impede o meu descanso e o vizinho acha isso natural. “Coitadinho do animal, ele vê movimento e late. Sinto muito.” Embora tendo paisagens magníficas e natureza dadivosa Ubatuba tem habitantes que se sentem no direito de ignorar os direitos elementares do próximo e isso transforma qualquer paraíso em inferno. Estou acordado desde as quatro horas da manhã. Ontem acordei um pouco mais cedo, duas e meia. Amanhã não sei a que horas serei forçado a sair da cama pelos latidos de um cão mantido a alguns metros da janela do meu quarto. Reclamar não adianta, tentei mais de uma vez. O padrão educacional cria barreiras intransponíveis. Quando não são os latidos é a música no último volume de outro vizinho que se acha no direito de incomodar, incomoda e diz que os incomodados que se mudem. Ubatuba poderia ser um paraíso se fosse habitada por seres com noções básicas de civilização. Eu disse “se”, como a realidade é outra só me resta recorrer à Justiça, quem sabe os tribunais resolvam o que conversas civilizadas não conseguem. Será que eu vou ter de voltar a viver na Vila Olímpia? Lá eu conseguia dormir.

Sidney Borges

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