Aniversário

Ubatuba 370 anos

É difícil falar de nossa cidade, comemorando agora 370 anos. Sua história antiga mostra altos e baixos, da riqueza à pobreza muito rapidamente. Com a mudança de um porto, Ubatuba foi à lona. Mas na história moderna dos últimos 50 anos, as estórias de muitas famílias e muitos caiçaras se misturam, se fundem em uniões de filhos, netos e bisnetos.
Nestes poucos 50 anos é que veio a grande mudança da cidade. No final da década de 60, Ubatuba elege para prefeito o maior empresário do Brasil: Francisco Matarazzo. Nesta época, o governador do estado, Adhemar de Barros, tinha casa em Ubatuba, que ficava na avenida Iperoig esquina com a Thomaz Galhardo, onde era fácil conversar ou encontrar o governador sentado na varanda de sua casa de praia. Ubatuba era a “Pérola do Litoral Norte”, muito próspera. Muitos outros nomes de peso e empresários do estado e do Brasil estavam presentes na cidade. Foi também a época em que grandes empresas compraram diversas áreas de terra em nossa cidade. Uma época de prosperidade do Brasil e de Ubatuba, em que a cidade recebeu os maiores recursos aplicados até hoje. O ponto alto foi o início das obras da rodovia Rio-Santos, inaugurada na década de 70. Assim Ubatuba passou a ter acesso rodoviário em toda sua extensão, pois até então os jipes da época só conseguiam chegar a Itamambuca através da estrada da Casanga.
Nesta época, a serra de Ubatuba também foi asfaltada, pois a estrada era de terra batida. Isto vem do melhor prefeito que Ubatuba já teve, um empresário.
Matarazzo elevou o nome de Ubatuba, não só nacional como internacionalmente também. Muitos frutos colhidos após sua administração vieram em função do trabalho feito por ele. Quem não se lembra do charme de nossa cidade, na década de 70? Os caiçaras mais novos e os que adotaram Ubatuba para viver não viram e não se lembram de muitas coisas que nossa cidade viveu, que muitas vezes pareciam pequenas, mas eram maravilhas. Onde foi parar o Relógio de Sol da praça Nóbrega? Onde foi parar a fonte que ficava na praça do casarão? Onde foram parar as estátuas do casarão? Onde foram parar as coisas do museu que existia embaixo da câmara municipal? Onde está indo parar nosso passado, nossa história?
Os caiçaras mais antigos, que conhecem bem nossa história, estão a cada dia que passa nos deixando. Os jovens, com tanta tecnologia á disposição, não querem mais ouvir os idosos, não cultuam mais as tradições, não têm paciência para ouvir as histórias da cidade, os contos, os pequenos detalhes. São tantos fatos que estamos perdendo, são tantas histórias que já não estão mais sendo passadas de pais para filhos, que não sabemos o fim disto. Sabemos, sim, que quanto antes começarmos a gravar e arquivar este material, mais saberemos de nossa cidade. Ou criar com urgência, como existe em Paraty, uma casa da cultura onde diversos moradores dão seus depoimentos a respeito da cidade e contam histórias, e as pessoas podem estar vendo as imagens enquanto ouvem.
Não é um grande investimento e tem um velho ditado que diz que ‘o que é bom, copiamos e aperfeiçoamos’. Uma simples visita à nossa vizinha vai mostrar que não tem nada demais; é algo muito simples, mas mantém viva esta parte da história e dos contos que estamos perdendo. Várias foram as administrações que vieram depois da década de 70, jornalista, advogado, professores, mas nunca mais tivemos um empresário à frente de nossa cidade. Não que tenha algum demérito com as profissões, mas o que todos comentam e têm saudades é da administração do Matarazzo, que não era político e, sim, administrador e fez muito pela cidade.

Josias Saboia - JIJA

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