Amigos

Morte

Acabo de perder um amigo. Câncer. Começou com uma perda de peso fora de propósito. Por mais que ele tivesse apetite emagrecia a olhos vistos. A família atribuiu o fato à aposentadoria precoce. Depois veio a tosse que o impedia de dormir. Quando o apetite desapareceu e a dor no peito passou a incomodar ele foi ao médico por imposição da mulher. Os exames apontaram câncer em um dos pulmões. Era um tumor grande, estava lá há muito tempo, os médicos optaram por retirar o pulmão e fazer sessões de quimioterapia. O tratamento é cruel, derruba os cabelos, tira o apetite, deprime, mas enfim tudo vale à pena para manter a vida. Meu amigo suportou estoicamente, engordou alguns quilos e no verão passado ficou bronzeado na piscina do prédio. Tudo parecia bem até que um exame de rotina acusou uma mancha suspeita no cérebro. Os médicos optaram por radioterapia. A reação foi terrível, o corpo revoltou-se contra a agressão ondulatória, feridas brotaram como pipocas, inclusive no rosto. O tratamento incluiu cortisona, o que fez com que ele inchasse. Quando as coisas pareciam se equilibrar outro foco da doença surgiu no pulmão remanescente. Na madrugada do último domingo, depois de uma crise respiratória, ele foi levado ao hospital. Os médicos queriam entubá-lo, ele recusou. Minha hora chegou, disse aos familiares. Cinco minutos depois estava morto. Embora eu encare a vida com racionalidade, não consigo evitar a tristeza. Amigos são poucos... (Sidney Borges)

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