Ubatuba em foco

Vôos diários entre Ubatuba, Rio e São Paulo?

Não é delírio, muito menos "pegadinha". Há muito existe demanda, mas é preciso empenho e vontade política


Marcelo Mungioli
A empresa aérea TEAM (Transportes Especiais Aéreos de Malotes), com sede no Rio de Janeiro, vem ocupando amplo espaço na mídia carioca, com audacioso plano para colocar em operação uma rota aérea alternativa para o trecho Rio-São Paulo, entre os aeroportos de Jacarepaguá/RJ e Campo de Marte/SP.
A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) já recebeu o pedido de autorização e, apesar de haver norma contrária, uma portaria da Agência, de 2005, que impede a operação de rota comercial partindo de aeroportos executivos, a empresa acredita que há possibilidades reais de sucesso nesta empreitada, conforme notícias publicadas no Jornal do Brasil, em 03 de agosto, no caderno Barra e no jornal O Dia, em 08 de setembro.
A TEAM informou que pretende operar com cinco vôos diários, voando com aeronaves LET410E20, com capacidade para até 19 passageiros.


Nova oportunidade

Com a redistribuição da malha aeroviária e, com alguma articulação e interesse, por parte das autoridades e do empresariado, abrem-se possibilidades para que Ubatuba volte a receber vôos comerciais.
Especificamente, no caso da TEAM, que voará com aeronaves menores, poderia ser negociada a possibilidade de vôos semanais ou mesmo de vôo diário, ligando nossa cidade aos dois maiores centros urbanos do país, o que significaria mais uma nova demanda turística para Ubatuba e, principalmente, mais rapidez para quem precisa resolver negócios ou participar de compromissos em São Paulo ou no Rio.


Tempo de voar

Em 2003, em matéria publicada no jornal "A SEMANA", abordamos este assunto, gerando uma saudável discussão sobre a possibilidade da volta de vôos regulares entre Ubatuba e São Paulo. Na época, alguns dos impeditivos apontados foram a ausência de um rádio-farol, a falta de estrutura para embarque e desembarque e a incógnita sobre qual companhia aérea deteria a concessão das rotas para Ubatuba que, até o final da década de 70, era (salvo engano) operada pela Rio Sul.

Triste fim

Há algum tempo, em conversa informal, com o ex-presidente da ACIU, Benedito Góes Filho e o ex-prefeito José Nélio de Carvalho (1976/1980 e 1988/1992), ambos disseram que a rota área entre Ubatuba e São Paulo, foi encerrada, no início dos anos 1980, por ser deficitária. Segundo Góes, durante um bom tempo, a aviação regional recebeu subsídios do Governo Federal, o que possibilitava às companhias operarem rotas deficitárias. Quando esta subvenção acabou, no final dos anos 70, a empresa ainda tentou um acordo com a Prefeitura, para garantir a ocupação de 30% dos vôos, que acabou não se viabilizando, por falta de demanda.
Quase 30 anos depois, apesar do IBGE dizer que não, acredita-se que Ubatuba tenha quase 100 mil habitantes. Possui um aeroporto com condições de receber aeronaves de médio porte e, proximamente, uma base da Petrobrás estará instalando-se na cidade vizinha de Caraguatatuba. Recentemente, em 2005, a pista e as instalações do nosso aeródromo passaram por amplas reformas, apesar de não ter sido instalado ainda o rádio-farol, importante instrumento de navegação em dias de pouca ou nenhuma visibilidade.


Novo momento

A TEAM voava, até bem pouco tempo, para Angra e Parati, em dias alternados e nos finais de semana. Com a implantação desta rota alternativa Rio/SP pode ser negociado, em conjunto com as cidades do litoral sul fluminense, a viabilidade de, por exemplo, um vôo diário. Mesmo com os procedimentos de pousos, decolagens, embarques e desembarques, o tempo de viagem em todos os destinos seria reduzido em, pelo menos, duas horas.
Além das vantagens para o turismo, ainda há - como carta na manga - a exploração do gás na região, que atrairá negócios de porte. Ubatuba pode sair na frente, reconquistando parte do espaço perdido nos últimos anos.


Conclusão

Melhor do que sonhar com a recepção de cruzeiros marítimos - sem um porto decente ou a mínima infra-estrutura - é colocar a mão no telefone, descobrir quem detém a concessão das rotas da região e negociar com ela a possibilidade de implantação de vôos regulares semanais, ou mesmo diários, para a nossa cidade.
Ubatuba já tem a estrutura mínima adequada e, principalmente, possui demanda, o que viabiliza economicamente a rota.

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