Ubatuba de luto 3

E o Nei Martins nos deixou...

Mas não sem antes dedicar toda uma vida de trabalho devotado e dedicado empreendedorismo a todos nós, à cidade e, notadamente, àquelas figuras que ele, à sua maneira, acarinhava: os manifestantes da nossa cultura de raiz, como se diz, e dentre eles seus vários mestres. Cabe a nós, agora, dar continuidade.
“Ciccillo era prefeito quando cheguei em Ubatuba”, me disse ele há pouco. Abraçou várias atividades como o futebol, organizando a LUF da qual fiz parte por sua grande influência. Criou a Escola de Samba Mocidade Alegre do Itaguá, sendo o Carnavalesco e Mestre de Bateria, além de seu maior animador.
Em fevereiro de 1983 assumi a Prefeitura e o Nei foi trabalhar comigo, na cultura, com minha irmã Jony. Seu espírito positivo e “fazedor” sempre o acompanhou agregado à sua liderança natural. Colocou-se acima das críticas destrutivas que buscam penalizar os espíritos criativos; é o que resta aos recalcados, na busca do conforto espiritual que não conseguem ter, e a história está repleta desses tristes exemplos, mas não lhes reserva o bom humor de seus espaços.
A cultura popular, e dentro dela a cultura caiçara, lhe deve muito. Foram trinta anos de envolvimento franco, sincero, maduro e entusiasta com os moradores das praias, dos sertões e de Ubatuba como um todo, com essa gente gloriosa que carrega nossas raízes, muitas vezes toscamente, desfilando expressões profundas da nossa pobrinha pátria.
Nei, a grande poesia que você foi e será sempre, não terá palavras para dizê-la, mas o povo de Ubatuba a expressou magnificamente no comparecimento pleno à Igreja Matriz para, com olhos vermelhos e lágrimas límpidas, ver você pela última vez e abençoá-lo.
São essas coisas, Nei Martins; essas coisas que ficam como patrimônio e exemplo. E é aí que você revive.


Pedro Paulo Teixeira Pinto
Presidente da Fundart
Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba

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