Entrevista: Clodovil

'Não tenho grandes ilusões'

De partido novo e com possibilidade de se candidatar à Prefeitura, o deputado federal e costureiro Clodovil se diz firme no propósito de mudar Brasília e a política. Admite que gostaria de voltar à televisão, mas não tem pressa: garante estar livre da ansiedade, ‘porque se sente vitorioso’

BRUNA FIORETI, bruna.fioreti@grupoestado.com.br
Quase um ano depois da vitória de Clodovil Hernandes nas urnas, sua profecia não se concretizou: Brasília continua a mesma. Mas, diariamente, o costureiro tenta fazer jus à declaração dada durante a campanha para deputado federal. Nesta semana, iniciou o que acredita ser mais um passo nessa direção: na mesma data em que trocou de partido (deixou o PTC e se filiar ao PR), optou por fazer uma missa em homenagem a sua mãe, “em vez de fazer um churrasco ou forró dançante”. O tom de crítica aos hábitos dos políticos na Capital do País marca o retorno de Clodovil aos holofotes. Longe da televisão e visivelmente mais ‘ameno’ em suas críticas aos colegas de Congresso nos últimos meses, o deputado voltou à baila não apenas por deixar o partido - afirmou, também, que se colocará à disposição do PR na candidatura à Prefeitura de São Paulo, no pleito de 2008. Na verdade, o partido considera a hipótese de colocá-lo como candidato a vereador. Mas as declarações de Clodovil serviram mesmo para relembrar fãs (e eleitores) sobre quem ele é. Teria ele mudado? “Cansado de mídia”, o político passou um período em repouso para se recuperar de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Na mesma época, em julho, foi afastado da TVJB, onde apresentava desde abril o programa Por Excelência, aos domingos. Foi a última das muitas polêmicas nas quais se envolveu com emissoras de televisão.

Mais: antes de assumir o posto no Congresso Nacional, no início do ano, Clodovil teve o espetáculo que encenava, Eu e Ela, “destruído pela mídia” (a mando de um partido político, segundo ele).
Já na política, se viu em meio a uma celeuma com o público feminino ao declarar que “as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé”. O costureiro se diz mal interpretado. “As pessoas sabiam que não era aquilo que eu queria dizer. Sabiam. Sempre preferi as mulheres, apesar de elas não serem minha preferência sexual. Elas são maravilhosas.”
Depois do episódio, Clodovil baixou o tom e voltou a falar somente de sua “missão” de mudar a política brasiliense. Durante a entrevista ao JT, ao ser abordado por um colega de Congresso que o elogiou pela missa, reforçou seu “mantra”: “Meu negócio aqui é limpar área para vocês todos”. E discorda que não esteja atingindo seu intento de sanear a sede do governo. “Ministros e deputados vêm dizer para mim que eu não posso mais deixar o Congresso, que tudo mudou depois que eu vim.”
Clô está mais tranqüilo. Aos 71 anos, afirma não ter mais “tantas ilusões” e fala da vida como quem a olha de cima: “Só tenho o que agradecer, a vida foi muito generosa comigo desde o início. Não preciso de muita coisa. Sou vitorioso e seria eleito em qualquer lugar do País.”
Para a fala mansa dar lugar à crítica basta citar o que a imprensa escreve sobre ele. Clodovil nega ter prometido ser mais humilde daqui em diante, como foi publicado por alguns jornais na cobertura da troca de partido. “Vocês (jornalistas) distorcem as coisas. A humildade já faz parte de minha vida há muito tempo. O que eu não sou é subserviente.” E, quando menos se espera, Clodovil dispara: “O Partido dos Trabalhadores é um partido que é quase uma seita. As mulheres do PT agem como se fossem mulheres de Atenas, mas não falam grego, nem devem saber onde é Atenas.” E gargalha. A volta dos comentários ácidos deixa saudade no telespectador que o acompanhava em talk shows. Ele também sente falta do público, mas não recebeu propostas para voltar à TV. Por enquanto. “A televisão me colocou aqui (no Congresso), os votos que consegui foram sem conchavos, sem campanha cara, nada. Minha vitória é uma conquista da TV.” E se tiver proposta... “Claro que adoraria voltar.” (Fonte: Estadão)

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